Refletindo sobre a função social da comunicação interna. Por Nayara Brito.

É possível enxergamos os empregados de uma organização simplesmente como uma força de trabalho? Como um profissional que foi contratado, escolhido por uma empresa para contribuir com ela e com o seu negócio, de forma que o corpo no trabalho não signifique todo o repertório social que aquela pessoa carrega consigo e em suas relações com a família, amigos e mundo? Acredito que não. Eu pelo menos não consigo enxergar assim. Para mim, o ser social poderia até vir antes que o ser profissional. Mas não. É quase impossível separarmos um e outro: somos um só. E o trabalho, vivenciado em contexto pandêmico, em formato home office ou não, revelou esse fato.

Se fizermos uma análise acerca das ações e estratégias organizacionais que foram desenvolvidas durante a pandemia, e que tiveram como objetivo valorizar, acompanhar e principalmente, cuidar do colaborador e de suas relações frente a um distanciamento social, temos, baseando-se no que tradicionalmente se tem dito sobre a função social da comunicação – ou de seus meios –, os seguintes pilares: informar, educar e entreter. Adaptados ao contexto da comunicação interna nas organizações, podemos traduzi-los aos seguintes sentidos abaixo:

– Informar pode ser exemplificado em informações de fatos dentro de um contexto social ou institucional. Por exemplo: informações corporativas e trabalhistas, traduzidas nos novos processos de trabalho, novas políticas, benefícios, entre outros.

– Educar se baseia em desenvolver a capacidade do sujeito em enfrentar o contexto em questão. Por exemplo: conteúdos relacionados à diversidade, à causas sociais, à prevenção do novo coronavírus e ao cuidado à saúde mental. Temas como comunicação não-violenta, inteligência emocional e gestão de tempo, por exemplo, foram muito tratados nesse período.

– Entreter se apoia em transpor mentalmente o indivíduo de seu cenário atual para um que lhe proporcione descanso e lazer. Por exemplo: dicas de como aproveitar o tempo em família e amigos e descontrair com os próprios colegas de trabalho, mesmo em isolamento. Sem contar as iniciativas de empresas que criaram um canal exclusivo para as crianças, visando atender e engajar os filhos dos funcionários enquanto estão em casa.

O papel da comunicação interna nesse contexto se apresentou de uma maneira que foi além de informar ou engajar empregados para causas da própria organização. Assim como não se separa vida pessoa e vida profissional, não há como separar organizações e sociedade. Os colaboradores são extensão social dentro de empresas e instituições. São atores internos e sociais, agentes de mudança capazes de, ao serem influenciados pelos valores e práticas das organizações, transformarem o seu entorno, a sua comunidade, e vice-versa também.

Ao passo em que as questões sociais dos indivíduos se tornam indissociáveis de seu trabalho, as organizações se encontram em posição inevitável de estimular o diálogo e promover discussões nestes temas. Dessa forma elas passam a desenvolver ações que cumpram e atendam às expectativas humanas e sociais de seus públicos internos – no plural -, representados pelo posicionamento e necessidades emergentes de seus nunca antes vistos “sociolaboradores”.

Nayara Brito é relações-públicas e dedica suas escritas a temas que geram identificação e transformam pensamentos. Produtora de conteúdos organizacionais focados em comunicação interna, sempre busca trazer em seus textos o toque especial de uma comunicação mais humanizada. Acompanhe seu trabalho também em https://www.linkedin.com/in/nayarabrito/.