ESSA TAL DE COMUNICAÇÃO - Lições que as Olimpíadas deixaram para as organizações. Por Letícia Carpanez de Paiva.

As Olimpíadas de Tóquio terminaram na semana passada e essa edição vai ficar marcada não só por conta da pandemia de Covid-19, mas também pelos acontecimentos e exemplos que trouxeram ensinamentos valiosos.

Saúde mental, acolhimento, representatividade e orgulho são algumas das lições que podemos levar desses jogos e ver como são cada vez mais importantes em todos os âmbitos da vida e, inclusive, nas corporações.

Saúde mental como prioridade.

A ginasta Simone Biles colocou em pauta a pressão pelo perfeccionismo que não só atletas, mas também profissionais como nós, devem alcançar para ter sucesso na carreira. Ela foi corajosa em assumir que precisava cuidar da sua mente para poder voltar a competir.

Antes da pandemia, o assunto ainda não era abordado em muitas empresas, apesar de muitas pessoas apresentarem burnout, estafa mental e ansiedade. Agora, no pós-Covid-19, mais do que nunca, as empresas precisam investir em programas de saúde mental, em uma gestão voltada para pessoas e uma comunicação que ajude a promover o bem-estar. A performance deve ser medida por resultados e não por horas trabalhadas.

Acolhimento.

A skatista japonesa Misugu Okamoto esteve entre as três melhores nas finais da prova, mas caiu na última bateria e chorou muito, sendo acolhida e carregada no colo pelas outras atletas.

Um ambiente saudável de trabalho também deve ser de acolhimento. Incentivar uma cultura que permita o erro, o trabalho em equipe e a troca de ideias entre as áreas gera profissionais mais felizes e motivados.

Orgulho de ser quem é.

As Olimpíadas de Tóquio também ficaram marcadas pela diversidade. Segundo o levantamento do site Outsports, essa edição contou com pelo menos 160 atletas LGBTQIA+, algo inédito na história do evento. Nos jogos do Rio 2016 foram 56 atletas, enquanto nos de Londres 2012 foram 23.

A pauta da diversidade está cada vez mais presente nas organizações, mas não basta apenas contratar pessoas que se identifiquem como LGBTQIA+, é preciso ter um ambiente seguro e preparado para acolher. Mais uma vez, o trabalho da comunicação interna e do RH é imprescindível; gerando conteúdos, promovendo ações de sensibilização e atuando frente às lideranças.

Esporte de menino e esporte de menina?

Ainda tratando de diversidade, a participação feminina alcançou 48,8% dos participantes e foi responsável por conquistas incríveis como – no caso do Brasil – o ouro da Rayssa Leal, skatista de apenas 13 anos, o ouro da nadadora Ana Marcela e a prata da boxeadora Bia Ferreira.

Representatividade e inspiração.

Talvez, o momento mais marcante de toda a Olimpíada tenha sido o protagonismo da ginasta Rebeca Andrade, que levou um ouro e uma prata, se tornando a primeira brasileira a ganhar na ginástica artística feminina. A ex-ginasta Daiane Santos, que foi inspiração para Rebeca, declarou: “Agora a gente tem a primeira medalha do Brasil na ginástica artística com uma negra. Isso é muito forte. Isso é muito importante. Até pouco tempo, os negros não podiam competir em alguns esportes. É uma menina que veio de origem humilde, criada por uma mãe solo!”.

Incentivar uma cultura diversa e promover programas de inclusão que gerem oportunidades para pessoas negras não é só uma forma de reparação social, mas de combate às desigualdades e privilégios.

Ficam os ensinamentos sobre acolhimento, respeito e inclusão trazidos pelas Olimpíadas. O momento é de mudança na cultura das organizações e a comunicação sempre pode apoiar na construção desse ambiente.

Sobre mim

Com quase 15 anos de carreira, amo trabalhar com comunicação e ajudar a promover a cultura corporativa. Sou bacharel em Comunicação Social, pós-graduada em Comunicação Empresarial pela Universidade de Juiz de Fora (UFJF) e mestre em Ciências da Comunicação e Novas Mídias pela Universidade de Aix-Marseille I, na França. Tenho experiência em planejamento de estratégias de comunicação interna, engajamento e cultura, além de gestão de mídias sociais. Meu perfil – https://www.linkedin.com/in/leticiacarpanezdepaiva/.

Imagem: Kim Kyung-Hoon / AP.