Públicos internos: no plural, por favor. Por Nayara Brito.

Parece um pedido, não é? E na realidade é mesmo. Um pedido às organizações. Uma forma de requerer que elas enxerguem o seu público interno de forma plural e diversa, considerando todas as suas possíveis e reais particularidades. A maioria das organizações pode estar falando com todos os seus colaboradores e ao mesmo tempo com nenhum deles se não segmentar suas audiências internas. Envolver os empregados com as causas da empresa pode ser um desafio ainda maior para ela, considerando as grandes mudanças sociais e relacionais que vivemos atualmente.

Entender que existem, numa abordagem social, diversos tipos de pessoas, faz com que as organizações tenham um cuidado ainda maior para com a forma que vão se relacionar com cada tipo de público vinculado a elas. A importância estratégica de identificar os diferentes tipos de públicos internos faz parte de um pensamento e de uma execução que leva em conta a inclusão comunicativa em cada ação e em cada mensagem que a organização entrega, pautando também os valores em que acredita, discursa e pratica.

Para desenvolver qualquer plano de comunicação, as empresas precisam, primeiro de tudo, saber quem são os seus colaboradores. Não só estatisticamente, com percentuais de homens e mulheres ou média de faixa etária, mas de uma maneira um pouco mais aprofundada, descobrindo e compreendendo particularidades que estão dentro do espectro da pluralidade social e cultural de cada um. Os empregados são a extensão da sociedade dentro das organizações e considerar essa posição tem sido o grande diferencial das empresas hoje em dia, ao assumirem causas sociais as quais apoiar, tanto internamente, em sua cultura, quanto externamente, com seu poder de influência mercadológica e social.

A ideia aqui não é segmentar de forma a criar barreiras ou fazer uma separação por tipos de trabalhos e perfis, e sim, entender a melhor forma de atingir cada grupo das mais eficientes e respeitosas formas possíveis. E, para isso, se faz necessário estar atento aos tipos de linguagens, expressões, narrativas, tons de voz, formatos e canais que serão utilizados na promoção de uma comunicação mais assertiva e mais próxima com os públicos em questão.

Mesmo que a organização não tenha dados precisos ou estatísticas que revelem quantos perfis sociais e variáveis a compõem – o que pode parecer difícil, mas essas empresas existem – é inevitável, num mundo tão diverso, elas não possuírem pelo menos um colaborador dentro de algum grupo ou condição social, seja qual for a particularidade que ele possua ou a causa a qual defende. Sendo assim, é preciso considerar em todas as mensagens e campanhas que nenhum tipo de orientação sexual, classe social, raça ou credo, por exemplo, seja discriminado, ofendido ou excluído por qualquer comunicação que a empresa realize.

As particularidades de cada um formam o todo. Esse é o objetivo da inclusão comunicativa: que a mensagem, a informação e o propósito da comunicação tenham como base o respeito organizacional em considerar a diversidade de todos os seus públicos internos. Sempre no plural, por favor.

Nayara Brito é relações-públicas e dedica suas escritas a temas que geram identificação e transformam pensamentos. Produtora de conteúdos organizacionais focados em comunicação interna, sempre busca trazer em seus textos o toque especial de uma comunicação mais humanizada. Acompanhe seu trabalho também em https://www.linkedin.com/in/nayarabrito/.