PAPO DE TERÇA - 'Home office' e a cultura de autorresponsabilidade nas empresas. Por Nathália Corrêa.

Além de todos os desafios que o momento atual de pandemia está trazendo e as soluções inovadoras a partir deles, velhos e novos comportamentos estão mais em voga do que antes. Esse contexto tem correlação direta com o modelo de negócio das empresas e pode impulsionar mudanças, já emergentes, no futuro.

Com o regime de home office, as lideranças que ainda estavam apegadas às relações tradicionais de trabalho, tendo toda a equipe sob seus olhos, se depararam com modelos disruptivos batendo à porta e entrando sem pedir licença. Se antes sentiam-se no controle ao vigiar cada atraso, tempo ocioso ou conversa paralela dos seus colaboradores, aceitar a ideia de uma empresa inteira trabalhar das suas próprias casas pode parecer assustador, não é mesmo?

Há, nesse sentimento, um espaço para a reflexão: talvez a maior ameaça não venha dos liderados e sim da maneira como se lidera (os outros e a si mesmo).

Qual a maior preocupação dos executivos de uma empresa? Arriscaria dizer que é manter o lucro do seu negócio. Porém, essa seria uma conclusão um pouco ultrapassada, digamos. O giro financeiro é essencial, mas, para que isso aconteça, outros fatores estão envolvidos, como os colaboradores, principais responsáveis por manter um negócio em movimento. Portanto, um bom líder se preocupa primeiro com o seu time, pois esses jogadores em campo são os responsáveis pela vitória de toda a equipe.

Desde que o isolamento social se tornou uma medida preventiva contra a pandemia de Covid-19, as empresas têm encontrado ainda mais necessidade de lideranças aprendendo a conduzir os negócios. Mas, como agir? Assumir a sua autorresponsabilidade e incentivar a autorresponsabilidade do outro é um grande passo nesse caminho.

Dentro da Psicologia Social existe o conceito de ‘Teoria da Atribuição e da Causalidade’ – estudos de como o comportamento das pessoas sofrem influência de expectativas ou fatores externos. Essas teorias podem justificar os padrões de comportamento das pessoas dentro das empresas, impactando, por exemplo, a autorresponsabilidade do dia a dia. Nessa linha de pensamento, existem dois tipos de controles responsáveis pelas condutas dos indivíduos. O controle externo, quando as pessoas acreditam que seu resultado foge do próprio comando, podendo ser conduzido por sorte, azar, destino, meio ou influências externas mais poderosas. Assim, acreditam que esses fatores explicam melhor seus êxitos pessoais. E o controle interno, em que as pessoas julgam poder interferir em suas próprias ações e resultados por meio do seu comportamento, esforço, habilidade, disposição, se responsabilizando pelas consequências dos seus atos.

E como criar uma cultura de autorresponsabilidade nas empresas?

Veja algumas atitudes que podem ser adotadas!

1. Colocar os interesses organizacionais acima dos interesses individuais
2. Não procurar culpados quando algo dá errado e, sim, procurar entender a causa do erro para uma correção rápida
3. Focar sempre nos objetivos, como um todo
4. Ter confiança e sinergia para trabalho em equipe
5. Buscar se superar e aceitar desafios cada vez maiores
6. Entender que inovar é assumir riscos
7. Aprender a lidar com o fracasso

Desde sempre, a autorresponsabilidade, não só aplicada às empresas, deve ser uma atitude a ser refletida. No cenário atual, ela se torna ainda mais urgente. Para os líderes: ter colaboradores que sabem de suas responsabilidades não tornaria o trabalho mais ágil, produtivo e prazeroso? Para os colaboradores: ao invés de procurar desculpas, e se procurássemos soluções para os quebra-cabeças do dia a dia? Já experimentou assumir o controle e a responsabilidade da situação? A sensação de puxar as suas rédeas é um sentimento e uma atitude necessária para o trabalho, a felicidade e a própria vida. Uma cultura de autorresponsabilidade começa pela auto reflexão de cada um!
Já iniciou a sua?

Imagem: Luis Villasmil por Unsplash.

Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.