Na comunicação, criatividade tem limite? Por Nayara Brito.

Não há como negar: nós, comunicadores, carregamos um certo dom para sugerir novas ideias e incrementar as estratégias de comunicação que fazem parte de um planejamento inicial. Talvez esta capacidade criativa tenha sido o que nos atraiu às áreas das ciências humanas e sociais, em contraponto às ciências exatas, por exemplo. Criar e encantar fazem parte da essência dos profissionais de comunicação, mas até qual ponto podemos ir? Afinal, para o nosso trabalho, criatividade tem limite?

Em outro artigo, aqui no portal, abordei sobre ideia e estratégia, discutindo sobre o que viria primeiro dentro de um contexto de planejamento estratégico de comunicação, e a resposta se baseou na premissa de que os públicos vêm primeiro quando tratamos de estipular um plano efetivo para as organizações. Mas, partindo do pressuposto da criatividade que permeia este plano em questão, arrisco dizer que nosso limite criativo está justamente em focarmos naquilo que realmente importa para aquele momento organizacional, para aquele desafio de comunicação, baseados sempre em um diagnóstico preciso e com objetivos e metas bem definidos.

De fato, pensar fora da caixa é o que torna projetos e campanhas comunicacionais marcantes frente às audiências. No entanto, para sair de qualquer caixa é preciso, antes, ter estado dentro dela. E é esse perímetro ao qual me refiro aqui. Apesar de parecer cruel dizer que limitar a criatividade de um comunicador ou de um plano de comunicação seja o ideal a fazer inicialmente, o pensamento que quero trazer nesta reflexão é o de não nos perdemos dos reais objetivos e desafios que nos foram designados para solucionar, diante à uma nuvem mágica de brainstormings que, apesar de parecer incrível, talvez não nos leve a lugar – ou resultado esperado – algum.

Como escrevi: “É muito comum nos apaixonarmos mais pela solução do que pela dor de nossa audiência. É mais empolgante querer entregar um plano blaster de comunicação com ações incríveis do que focar em solucionar um problema que muitas vezes é pontual e requer um plano mais focal e assertivo, e não necessariamente mirabolante”.

Foco é a palavra que fará com que ajustemos nossas lentes comunicacionais no ponto exato da criatividade – mesmo que no mirabolante – sem que nos percamos da nossa verdadeira missão: criar estratégias de comunicação que encantem, mas que também resultem positivamente. Por que, no final das contas, o céu só é limite para aqueles que não sabem para onde ir.

Nayara Brito é relações-públicas e dedica suas escritas a temas que geralmente causam inquietações e questionamentos em sua mente. Sempre pautada em assuntos que se originam da comunicação como um todo, procura transmitir um pouco de suas reflexões, experiências e estudos por meio de seus conteúdos. Acompanhe seu trabalho também em https://www.linkedin.com/in/nayarabrito/