COMUNICANDO O QUE IMPORTA - De que lado você está? Por Mariah Guedes.

A coluna do mês passado foi escrita na data do meu aniversário de 36 anos, e publicada alguns dias depois. Apesar de não ter o mesmo apelo socialmente atribuído ao fato de completarmos décadas inteiras (como os 30 ou os 40 anos), a ocasião foi bastante significativa para mim: uma sensação de dupla maioridade. Certamente um marco. E são efemérides como essa que se apresentam como possibilidades de comemoração. Seja por um dia (mais pessoais) ou por períodos maiores (mais coletivos) – caso de junho, mês do orgulho (#PRIDEMONTH).

Os últimos 30 dias do primeiro semestre de cada ano têm sido marcados há mais de meio século pelo aumento da visibilidade das questões LGBTQIA+ como uma causa, reflexo de movimentos sociais. Mais recentemente, esse relevante tema passa a integrar critérios de escolhas de consumidores e consumidoras exercendo cidadania e, por isso, começa a ser inserido como pauta de diversidade em empresas, demonstrando a importância dos assuntos de direitos humanos para o posicionamento corporativo.

No Brasil, o fato do Dia dos Namorados (12/06) ocorrer em um momento de celebração queer é também oportunidade de romper preconceitos e transformar representações, investindo em ações de grande representatividade ao se retratar o amor – e toda a multiplicidade das relações humanas. As campanhas publicitárias mais recentes têm seguido por esse caminho: é tempo de amar e compartilhar afetos, independentemente de orientação sexual, gênero ou papel social desempenhado.

Como já abordei em outros textos, existe uma cobrança pública que ativistas, influenciadores e toda uma nova classe de consumidores conscientes faz para as marcas, envolvendo valores e impactando na imagem e na reputação das organizações. Demandas do tipo podem ter resultados positivos (quando atendem ao chamado popular) ou negativos (quando se afastam do que é esperado). No entanto, a mera adoção de discursos sem uma reformulação em políticas internas ou em revisão de relacionamentos institucionais tem sido percebida por consumidores mais atentos como uma tentativa de apropriação (identificados pelos termos com washing, que citei no final de janeiro). Nesse contexto, é fundamental saber onde a sua empresa se encontra – ou se ela ainda permanece perdida. Afinal, não adianta entrar de penetra na festa se você não gosta do aniversariante. De que lado você está?

Mariah Guedes é publicitária com MBA em Marketing, especialista em Big Data, mestra em Mídias, instrutora, leitora ávida, canhota, macaense e estudante eterna. Acompanhe em https://br.linkedin.com/in/mariahguedes.