COMUNICAÇÃO EM SAÚDE - Comunicação em Saúde no campo da pesquisa acadêmica contribuindo para as melhores práticas - leituras importantes e atualizadas. Por Isis Breves.

O campo da Comunicação em Saúde após o advento da pandemia de Covid-19 ganha destaque frente as pesquisas acadêmicas.

Recentemente, a revista Comunicação & Sociedade, da Universidade do Minho de Portugal, publicou no seu volume 40, em 2021, uma edição toda dedicada a artigos na temática “Comunicar em saúde em tempos de pandemia”.

A edição pode ser acessada gratuitamente no link https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/issue/view/189/168

Na nota introdutória os autores Felisbela Lopes, Rita Araújo e Peter Schulz fazem um levantamento de questionamentos sobre “Comunicar em saúde em tempos de pandemia: qual o nosso papel enquanto acadêmicos de comunicação?”. Afirmam que “é nosso dever descobrir o que podemos aprender com a pandemia de Covid-19 em termos de comunicação; começar pelas características especiais da pandemia e procurar causas para elas é uma abordagem promissora; a pandemia de Covid-19 foi a primeira do gênero, e isso deve-se largamente à existência da internet; há muitas formas de não contar a verdade; a pandemia de Covid-19 revitalizou o antagonismo tradicional de uma parte da população relativamente à vacinação”, como os pontos relevantes para o estudo na área da comunicação.

Para os profissionais que atuam com comunicação em saúde, assim como eu, a leitura dessa revista é obrigatória. Eu destaco alguns pontos relevantes dos artigos que mais identifiquei com as minhas atividades profissionais. O artigo “Covid-19: uma pandemia gerida pelas fontes oficiais através de uma comunicação política” de Felisbela Lopes, Rita Araújo e Olga Magalhães, faz uma análise para saber qual o lugar das fontes oficiais na imprensa portuguesa durante os estados de emergência, através da análise de dois jornais de grande circulação de Portugal, no período de março a maio de 2020, e também de novembro a dezembro de 2020. O resultado foi a constatação da visibilidade das fontes oficiais, particularmente do governo, sobressaindo o primeiro ministro de Portugal e um conjunto restrito de outros ministros. Não houve propriamente ninguém que assumisse o papel de porta-voz oficial daquilo que foi acontecendo, ao contrário do que é recomendado na literatura, e isso provocou deslizes na comunicação ao longo de 2020 naquele país. Ao ler o resumo do artigo, eu me remetia aos mesmos erros de comunicação observados aqui no Brasil, que na época ainda enfrentou uma crise política.

Recentemente, foi publicado um artigo intitulado “Desafios de comunicação em hospitais de todo o mundo”, que pode ser acessado gratuitamente em IHF – Internacional Hospital Federation – pelos autores J. Antônio Cirino, do Brasil; Taylor Johansen, do Canadá; Leandro Luis de Portugal; e de John Kueven, dos EUA. Os autores de cada país abordaram como a comunicação estratégica possibilita o desenvolvimento da administração hospitalar.

Destaco algumas partes que considero de extrema relevância:

“A comunicação é um tema sistêmico, presente em todas as relações humanas e de grande relevância para organizações de diversos setores. A saúde não é exceção; de fato nesse cenário, a importância da comunicação é exacerbada por causa de seu impacto direto na vida humana” (trecho retirado da introdução do artigo).

Na contribuição brasileira do artigo, Cirino faz menção a comunicação como uma política e requisito de acreditação, exemplificando que dos eventos adversos analisados pelos profissionais, a comunicação é mais frequentemente apontada como principal fonte de falhas. De fato, a comunicação nos hospitais brasileiros é um desafio. E isso pode ser entendido como a comunicação interna, estratégica e organizacional e a comunicação entre pares, ou seja, entre os profissionais de cada área.

Há estratégias que a comunicação integrada desenvolve e que envolve as lideranças para melhoria da comunicação entre pares, divulgação de tomada de decisões, comunicação com pacientes e familiares, promoção da cultura de acreditação hospitalar, entre outras. O artigo pode ser acessado na íntegra gratuitamente no link https://lnkd.in/dX2gVrtu

Aproveito para inteirar que a 2a. meta de segurança do paciente é a melhoria da comunicação entre os profissionais de saúde e, inclusive, Cirino trata do tema no artigo também.

E eu, como profissional especializada na área, afirmo – pela Dose Única – Comunicação em Saúde – que a comunicação reflete e permeia as demais metas para a acreditação hospitalar. A comunicação em saúde é estratégica para a promoção da saúde.

Isis Breves é jornalista graduada pela Universidade Gama Filho. Especialista em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde pela Fiocruz e MBA em Marketing pela Universidade Castelo Branco. Atua com Comunicação em Saúde desde 2006, passando por instituições como Embrapa, Fiocruz, Rede Hospitalar da Amil e CRMV-RJ. Atualmente lidera a consultoria de comunicação Dose Única – Comunicação em Saúde. https://www.linkedin.com/in/isis-breves/