Redes sociais, Big Data, Inteligência Artificial, Metaverso… as evoluções tecnológicas vêm transformando profundamente o ambiente comunicacional, deixando-o cada vez mais complexo e mutável. Com a recente chegada do 5G no Brasil, a expectativa é de que tal avanço tecnológico ganhe ainda mais força, possibilitado pela interconexão simultânea e entre mais dispositivos. Diante dessa nova realidade, que mudanças podemos esperar no âmbito da comunicação?
Longe de tentar realizar previsões, o que se pretende neste espaço é, na verdade, fazer um convite ao debate conjunto acerca das mudanças nos processos comunicacionais e, frente a essa leitura, adaptar nossas estratégias comunicacionais no ambiente digital.
Partindo dessa premissa, proponho como primeiro passo para esse exercício um breve resgate das mudanças nos processos comunicacionais que presenciamos na história recente, especialmente nas últimas duas décadas.
As redes sociais, que mudaram o fluxo de informação – antes massificada – para uma dinâmica em rede, avançaram graças ao avanço da conexão à internet. Ou seja, a web 1.0 como uma rede estática de páginas na década de 1980 evoluiu até a chegada da web 2.0, iniciada em meados dos anos 2000, e viabilizou o nascimento das mídias sociais e o surgimento da economia compartilhada, trazendo consigo transformações significativas nos âmbitos econômico, social e político.
Nesse cenário, grandes empresas de comunicação tiveram que se reinventar em termos de como entregar conteúdo e garantir sua rentabilidade, alterando as formas de publicidade. A web 2.0 tornou imperativa a necessidade dos tradicionais meios de comunicação dialogarem com outras plataformas de mídia.
A relação usuário-mídia foi, então, transformada e o modus operandi de controle do processo de comunicação foi substituído por uma mentalidade de cocriação, compartilhamento e colaboração. Um exemplo recente é o caso do quadro “Vai dar namoro”, apresentado por Rodrigo Faro, que ressurgiu nas telas da TV aberta após o influenciador e YouTuber Casimiro criar conteúdos em seu canal fazendo ‘reacts’ do programa. Os conteúdos viralizaram e alcançaram outras plataformas, como o TikTok, e atingiram um público completamente novo, por meio de um novo formato. Esse caso ilustra bem como a web 2.0 possibilitou uma mesma história ser contada em diferentes plataformas (fenômenos conhecidos como crossmedia e transmedia), além de demonstrar como o público pode se apropriar, recriar ou até mesmo ressignificar um conteúdo disponível na web.
Com a chegada do 5G no Brasil (mesmo que ainda restrita) e a web 3.0 no horizonte, estamos começando a enxergar o potencial de interação e integração que novas plataformas, como o metaverso, vão permitir entre os usuários, e destes com os diversos conteúdos disponíveis, de maneira ainda mais significativa. Diante dessa realidade, o perfil do profissional de comunicação, que já havia se transformado em um perfil multidisciplinar há alguns anos, deve voltar-se definitivamente para a análise cada vez mais estratégica de tendências no mercado e utilizá-las para otimizar seus resultados.
Novas habilidades e uma visão de mundo abrangente, diversa e multicultural são requeridas a cada hora de quem atua em um departamento de comunicação. Nesse cenário dinâmico e complexo, além desenvolver as chamadas hard skills necessárias para atuar frente à rápida inovação tecnológica, também as soft skills criatividade e inovação serão habilidades chaves para romper as barreiras sóciotécnicas das novas plataformas de mídia – que por sua natureza promovem a busca incessante de atenção do usuário-consumidor-leitor – para promover de forma efetiva maior conexão e engajamento, e assim, alcançar maior assertividade na comunicação no mundo do 5G e da Web3.
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Ana Paula Dias é bacharela em Relações Públicas pela Universidade de São Paulo, com MBA em Reinvenção Digital pela ESPM. Atualmente, é mestranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo e membro do Comitê Jovem da UNESCO MIL Alliance.
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