VLEF (Vai Lá E Faz) é um termo que dá título ao livro do futurista brasileiro Tiago Mattos, e é um convite para sair do campo das ideias e colocar seu negócio em prática. Deslocando um pouco esse pensamento do empreendedorismo para a área da publicidade, a teoria VLEF pode ajudar na execução das ideias criativas.
Quem trabalha diariamente com comunicação, publicidade ou marketing, sabe que existe um árduo caminho entre a concepção de uma ideia e a sua viabilização na prática, não é mesmo?
Primeiro passo: compreender o briefing e o desejo do seu cliente.
Segundo passo: promover um brainstorm para dar asas à imaginação.
Terceiro passo: o momento de definir se a sua ideia é viável e… mãos à obra.
Claro que esse ciclo varia de pessoa para pessoa e podem existir mais de três etapas.
Muitos insights dão origem a ideias brilhantes e outras que ainda necessitam de uma lapidação para serem aproveitadas.
No processo criativo, existem perigosas armadilhas mentais que podem atrapalhar a concepção de uma ideia. Mattos cita, em seu livro, 8 dessas armadilhas.
#1: O vale das ideias
Descrito pela primeira vez por Scott Belsky – autor do livro ‘A ideia é boa. E agora?’, o vale das ideias é o período em que você ainda não partiu para a execução, porque está em êxtase com a ideia. É aquela sensação satisfatória e de conquista pessoal. O autor explica que tornar-se um viciado em ideias é um risco que pode estagnar o seu processo de evolução nessa etapa, fazendo alusão a um dependente químico que é estimulado a cada dose de determinada droga. Dessa maneira, você vai estimulando seu cérebro a ter muitas ideias, se considera criativo por isso, mas, foge da etapa da prática.
#2: A teoria da toalha molhada
Já experimentou torcer uma toalha molhada? Parece que quanto mais você aperta, mais água tem para sair. Não é assim? Essa teoria traduz aquela sensação de que há sempre algo mais a ser feito, há sempre algum detalhe para aperfeiçoar. O processo criativo pode gerar a sensação da toalha molhada quando o profissional está sempre querendo articular mais a ideia antes de passar para a fase da execução. Colocar em prática é compartilhar o pensamento e permitir que a ideia ganhe forma.
#3: Pensamento de cofre
Esse pensamento é voltado para o sigilo construído pelo medo de que a ideia seja copiada. Acredita-se que escondendo o ‘tesouro’ se obtém mais sucesso. Mas, como colocar uma ideia escondida em prática? Se esse é o seu receio, um caminho é pensar que sua ideia só será bem executada por você, porque sabe exatamente como deseja que ela seja feita e está disposto a trabalhar para isso. O autor cita um excelente exemplo. Se te entregarem um manual de montagem de um iPhone, você devolve com um telefone novo? A parte mais complexa não é a ideia e sim a execução.
#4: O fator multiplicador
Esta armadilha parte do mesmo princípio do ‘Pensamento de cofre’. Uma ideia sozinha, sem execução, não vale nada. O valor de uma ideia só é multiplicado quando ela é colocada em prática. Você é o maior investidor da sua ideia.
#5: Brainstorm desestruturado
Brainstorm é uma prática comum que gera grandes ideias, mas pode se tornar uma armadilha se não estiver sendo bem executada. Mattos cita três regras que podem deixar esse processo mais produtivo: 1) não durar mais de noventa minutos; 2) verbalizar e anotar tudo (as ideias boas e ruins); 3) Praticar o “yes, and…”, que consiste em dizer sim ao insight de alguém e complementar o raciocínio com algo, pois isto cria um clima colaborativo e de co-construção.
#6: Ignorar a emergência
Nessa armadilha, são citadas três etapas que podem ser encontradas: 1) Divergência: quando emergem soluções das mais diferentes naturezas e o universo de possibilidades se abre. Energia alta; 2) Emergência: quando aumenta a angústia do criador pela pressão do prazo, e pelo número escasso de soluções. Surgem pequenos conflitos. É preciso entender que essas faíscas são naturais – e que significam avanço – é um recurso precioso para quem cria; 3) Convergência: quando as soluções começam a ser confrontadas com o problema original e o leque se fecha. É a hora da seleção.
#7: O gênio incompreendido
No processo de ideação, há maneiras diferentes de criar. Mattos utiliza a teoria de Arne Dietrich, que apresenta os 4 tipos de criatividade:
- Deliberada e cognitiva: é quando temos um problema e nos concentramos para resolvê-lo. Requer profundo conhecimento do assunto e tempo para testagem das inúmeras associações.
- Deliberada e emocional: requer tempo de quietude e solidão.
- Espontânea e cognitiva: requer fazer uma pausa e dar uma volta.
- Espontânea e emocional: é o clichê da criatividade de pintores, escultores, músicos e designers. É a inspiração que aparece como mágica. É incompreensível e requer algo misterioso.
Posso adivinhar qual é o seu tipo de criatividade. A maioria das pessoas acreditam ser um gênio incompreendido e tendem a seguir pelo método espontâneo e emocional. A dica para ser mais produtivo é focar nos 3 primeiros tipos de criatividade.
#8: A confusão do trio ‘imaginação, criatividade e inovação’
Chegamos a um ponto essencial para que uma ideia se torne ação: compreender esse trio.
A imaginação é você pensar em algo que não foi captado pelos seus sentidos. Ter uma ideia muito mirabolante, que não está a serviço de nada, torna você uma pessoa imaginativa e não criativa.
A criatividade é quando você usa a imaginação como solução para um problema, a partir de uma ideia inusitada e viável.
A inovação é colocar a criatividade em prática. Pegar a sua ideia criativa e fazer, de fato.
Numa frase, o maestro australiano Herbert Von Karajan disse: ‘Quem decide pode errar. Quem não decide já errou’. Portanto, solte a sua imaginação para permitir que as ideias boas e ruins saiam, use a sua criatividade para filtrar e inove! O que falta para você ir lá e fazer?
–
Imagem: Nik MacMillan por Unsplash
–
Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.