PAPO DE TERÇA - Por que as empresas estão se tornando ambientes de trabalho tóxicos? Por Nathália Corrêa.

Quando você pensa em entrar no mercado de trabalho, em exercer a sua profissão pela primeira vez, há uma certa paixão e desejo imediato pela prática, por começar a adquirir experiência na área e uma ‘romantização’ da rotina, não é mesmo? Com o passar dos anos, o que será que acontece com esse sentimento?

Atualmente, o ambiente corporativo tem abrigado profissionais estressados, desgastados mentalmente ou que apresentam algum quadro de ansiedade ou síndrome de burnout. Uma pesquisa realizada pela Isma BR (International Stress Management Association no Brasil) revelou que o país é o 2o. mais estressado do mundo. Também apontou que 30% dos profissionais brasileiros sofrem de burnout.

O dia a dia das empresas, seja na rotina presencial ou no novo modelo de home office, está aprisionando cada vez mais seus profissionais e podando o que podem ter de mais valioso: aquele brilho nos olhos (por favor, não confunda com a famosa expressão ‘sangue nos olhos’).

O encanto pelo trabalho surge por diferentes ações compartilhadas, desde a cultura da empresa, modelo de negócios, até o comportamento das lideranças, reconhecimento por um bom trabalho, incentivo ao crescimento ou um simples elogio. Alguns valores como respeito, confiança, responsabilidade, honestidade e empatia são fundamentais no relacionamento empresa versus colaborador e colaborador versus empresa. Porém, esses valores básicos parecem que não estão sendo cumpridos. Temos um cenário que já é realidade em muitas empresas, em que há abuso de autoridade, atitudes grosseiras, falta de respeito das lideranças, horas extras obrigatórias e até ameaças. Esse tipo de comportamento só pode gerar resultados como: colaboradores inseguros, desenvolvimento de problemas de saúde mental e uma rotina cada vez mais estressante para todos.

Mais do que ter uma estabilidade financeira, as pessoas estão se preocupando cada vez mais com a estabilidade emocional e optando por rotinas mais saudáveis. Empresas com ambientes saudáveis, ter hora certa para chegar e sair do trabalho, praticar uma atividade física com frequência, passar mais tempo com os filhos, ficar perto da família ou, simplesmente, curtir um final de semana tranquilo na praia, estão virando prioridades.

E a empresa que não se adequar a esse movimento também perde, pois é mais que urgente o comportamento empático dos chefes com seus colaboradores. Atitudes rudes, muitas vezes, geram um bloqueio criativo, desmotiva os profissionais e, assim, toda a equipe. Quando não há espaço para o crescimento profissional, a estagnação gera um alto número de turnover na empresa.

Acostumar-se com ambientes de trabalho tóxicos não traz benefícios para nenhum dos dois lados. É no bem-estar, resgatando o famoso ‘brilho nos olhos’ que as pessoas serão mais produtivas. É possível gostar do que se faz, mesmo que existam alguns momentos de estresse. O que não é permitido é que exista sempre estresse e alguns momentos de satisfação.

Será que, ao final do dia, a sua produção poderá ser medida pela quantidade de entregas que você realizou ou pelo esforço mental depositado? Você até pode obter excelentes resultados para a empresa, garantir o seu salário no final do mês, ou quem sabe, uma promoção. Mas, qual o parâmetro para medir o desgaste desses jobs na sua saúde mental e o impacto nos seus dias?

O tempo que você passa criando e desenvolvendo um trabalho pode (e deve) ser tão prazeroso e valioso quanto o seu resultado final.

Imagem: Tim Gouw por Unsplash.

Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.