Influenciadores internos podem ser importantes aliados na comunicação. Por Aline Molica.

A conversa de corredor ou ‘rádio peão’ (não gosto desse termo) está temporariamente suspensa. Agora tudo ocorre em redes de conversa instantânea, no WhatsApp, no WorkChat ou no Teams. As conversas continuam existindo, elas só mudaram de lugar. Há muitos anos, a comunicação interna utiliza isso a seu favor. Nomes como ‘embaixadores da marca’, ‘agentes de comunicação’, ‘comitê de pauta’ ou ‘champions’ (definição do Workplace do Facebook) são alguns exemplos de grupos de funcionários dispostos a apoiar a comunicação interna.

Não vou explorar profundamente teorias sobre tipos de engajamento, mas vou dividir a classificação da respeitada associação de comunicação empresarial britânica (IABC) que coloca quatro: ambassadors (embaixadores), influencers (influenciadores), advocates (defensores) e followers (seguidores). Todos eles são igualmente importantes em seus papéis e podemos detalhar a importância de cada um deles em uma organização, mas hoje gostaria de abordar influência: poder ou ação que alguém exerce sobre pessoas ou coisas, segundo o dicionário.

O IABC define o influencer como o ‘funcionário/membro de uma comunidade informal procurado para conselhos, conhecimentos ou suporte’.  Parte do processo de descentralização da comunicação, que abordei no primeiro artigo, consiste em capacitar um grupo maior de colaboradores para comunicar melhor. Ao criar um grupo dentro da empresa, habilitado para também comunicar de forma eficiente e atrativa, a comunicação interna ganha ainda mais aliados. Frases como ‘ninguém lê’ podem deixar de fazer parte do repertório de críticas, quando você tem uma mensagem importante impactando os funcionários em diferentes formatos, de diferentes pessoas, especialmente, quando capazes de naturalmente terem o perfil de atraírem outros colaboradores para consultas, quando precisam de algo.

Esse grupo é capaz de sentir o pulso do dia a dia, e quando é reconhecido por sua capacidade de influenciar melhora a credibilidade, aderência e alcance de ações institucionais. Com a pandemia, estamos vendo uma mudança no significado de influenciar em redes sociais. Os chamados ‘top celebridades’ (maior alcance nas redes) estão sendo obrigados a adaptar seu conteúdo para o atual momento. Faz sentido incluir fotos de look do dia, quando a hashtag é #fiqueemcasa? Todos estão ressignificando a própria vida, desenvolvendo novos hábitos, revendo valores. E como um influenciador poderia manter a mesma abordagem?

Ao fecharmos esse universo macro, para um micro, de uma empresa, precisamos refletir sobre o impacto disso em nossos colaboradores. Até escrevi sobre isso no meu LinkedIn, falando da importância de humanizar o retorno ao escritório. E por que não trazer os colaboradores para parte do processo? É uma forma eficiente de entender como o momento atual está transformando os funcionários e o impacto que isso terá no jeito de trabalhar, na produtividade e em como eles enxergam a empresa, sua missão e seus valores.

Entendo que mais do que nunca as empresas precisam ter aliados internos para garantir ressonância com as transformações culturais que todos os funcionários irão sofrer. Se cultura organizacional é reflexo da alta liderança, como será o impacto disso em todos? Será que a visão da alta liderança e os valores continuarão a fazer sentido para todos? Ainda não temos respostas.

Sobre mim – Trago aqui mensalmente temas sobre comunicação corporativa. Trabalho na área há 13 anos, atualmente, como consultora. Sou jornalista, formada pela PUC-Campinas, com especialização em Marketing pela Cásper Líbero e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Tenho um projeto pessoal no Instagram com dicas de currículo, LinkedIn e carreira, o Seu.Novo.CV: https://www.instagram.com/seu.novo.cv/. Contato: https://www.linkedin.com/in/alinemolica/