Impactos emocionais na pandemia. Por Angela Piotto.

A pandemia estendeu-se e parece que permanecerá entre nós por tempo indeterminado. O novo coronavírus tem sofrido evolução a qual ainda não estamos preparados e adequados para solucionar. Desta forma, a variação biológica da doença deixa novos milhares de pessoas doentes. E, apesar de permanecemos com distanciamento social – ou em total isolamento – devido à suspeita de adquirir a doença, não há como ter certeza da proteção quanto ao contágio.

Os efeitos do isolamento e restrições de convívio social atingem famílias do mundo todo. De modo globalizado, sentimos o impacto de não podermos compartilhar o dia a dia como antes. Temos que limitar o cumprimentar a quem amamos. Abraços e gestos gentis de cumprimento como beijar a face, atualmente, já não são mais seguros. Almoços de domingo em família devem ser evitados para poupar a saúde dos nossos entes queridos.

As crianças, “interagindo” via webcam, sem poderem ir à escola, vão sendo alfabetizadas e mantêm seus estudos em dia por meio das aulas online ou sistema híbrido. O mesmo ocorre, nas faculdades, com jovens e adultos.

Contudo, quais as consequências emocionais de evitar o contágio do novo coronavírus com distanciamento ou isolamento?

Observa-se o aumento avassalador de miserabilidade devido o impacto econômico causado pela pandemia. As pessoas temem por seus empregos, e por não saberem como irão manter sua família e conseguir cumprir com suas obrigações básicas – de alimentação, higiene e saúde.

Ocorre também um aumento do número de divórcios e separações onde o apoio conjugal já não existe, deixando ex-cônjuges e prole mais frágeis emocionalmente, reforçando a sensação de impotência pessoal.

Quadros clínicos de ansiedade crescem, bem como depressão e síndrome de pânico, gerando uma insegura generalizada. Nas redes sociais, é possível observar lives de grupos religiosos rezando em prol das famílias que estão com a doença ou que já perderam seus familiares.

Nota-se terapeutas disponibilizando envio de Terapia Reiki a distância para todos que sofrem com a Covid-19. E, nos comentários, há enxurradas de pedidos de ajuda e relatos dramáticos do sofrimento emocional vivenciado. Nos centros terapêuticos são vividas, diariamente, as angústias dos clientes devido ao distanciamento social e a insegurança e incerteza que os afetam.

Além de síndromes pré-existentes, tais como autismo, Down, depressões, esquizofrênia, os utentes observam agravar-se os quadros clínicos devido ao contexto atual. Desta forma, terapeutas, médicos, psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da área, trabalham com os impactos emocionais causados ou acentuados pela pandemia.

O medo do contágio com a doença tem um efeito-cascata jamais visto. Muitas famílias têm lutado para manter-se da melhor forma possível, entretanto, muitos já perdem a esperança e amontoam-se nas ruas, após despejos sofridos.

Até que ponto estamos seguros, com distanciamento, isolamento e lock down? Mesmo com todas as restrições, o índice de perdas não decresce de maneira satisfatória. E estamos colocando em risco a nossa sobrevivência de uma maneira ou de outra.

O ser humano precisa do convívio em sociedade, tanto para manter sua integridade física, quanto a integridade emocional. É necessário um reinventar-se, para vencer diariamente os impactos da pandemia na humanidade.

Angela Piotto é graduada em Direito, pós-graduanda em Direito do Trabalho, Direito de Família e Psicologia Jurídica. Atua como Terapeuta Integrativa.