EFEITO RP - Ajuste seu foco, regule sua lente. Por Bárbara Calixto.

Demorou um tempo para que eu conseguisse entender ao certo o meu caminho e o meu percurso profissional. Acho que todos demoram p’ra se descobrir, na verdade.

Sempre me identifiquei muito com a área de Relações Públicas. Sou uma pessoa falante, logo, me afeiçoo muito com relacionamentos, conversas, diálogos infinitos e histórias. Quando era pequena, as professoras sempre chamavam minha mãe na escola para falar do tanto que eu conversava com os amiguinhos. Mas era isso mesmo, eu sempre fui de conversar muito e sou até hoje. Com o tempo, entendi que eu não só gosto de conversar e falar, mas também que gosto de ouvir.

Como comunicadora, acredito que isso seja o nosso “super trunfo”, saber escutar com atenção. Ter uma escuta ativa, nos demorarmos nas conversas e abrir um espaço de diálogo seguro para as pessoas nos colocarem um outro espaço e proporcionar momentos de muito aprendizado. Eu tento fazer isso com frequência: me presentificar, abrir o coração e ouvir o que a pessoa tem a dizer. Por vezes vem um feedback positivo, em outras uma ideia inovadora, e há pessoas que apenas querem comentar sobre as dificuldades do dia a dia.

Nós precisamos estar atentas(os) a esses momentos. É nesses pequenos instantes que conseguimos criar conexões poderosas e aprender lições valiosas.

Recentemente li uma postagem no LinkedIn que falava sobre profissionais generalistas. E eu sou uma delas. Eu sou uma profissional que entende um pouco de cada coisa, mas não sou especialista em uma coisa apenas. Gosto muito de branding, mas também estudo sobre comunicação assertiva. Sou apaixonada por comunicação interna, mas tenho interesse em vendas. Gosto de gestão de pessoas, mas também me encanto com estratégias e planejamento organizacional. Também já fiz comércio internacional, ao mesmo tempo que me deslumbrava com o marketing digital.

Sendo uma profissional generalista, eu entendi que precisava trabalhar ainda mais a minha escuta ativa e o meu olhar demorado. E atuando dessa forma, eu consegui (e consigo) ampliar mais o meu repertório, ter uma compreensão holística e até mesmo “arriscar” outras atividades.

Existem diversas coisas que eu não conheço sobre o meu atual segmento de trabalho, como, por exemplo, a funcionalidade específica de um software ou uma linguagem de programação. Mas o que eu consigo fazer é ser curiosa. Eu questiono, pergunto sobre coisas que podem ser óbvias ou as mais simples possíveis, e uso isso para relacionar com o conhecimento que tenho. Na escola, eu nunca fui excelente em matemática, mas usava da curiosidade para tentar aprender. E é isso o que faço até hoje.

Sobre o olhar demorado e a atenção plena: há algumas semanas o meu primo estava me mostrando o jogo de que ele gosta. Além de contar todo o enredo, ele me mostrou todas as ações que os desenvolvedores do jogo fizeram. Para ele, era fantástico ver todo o investimento na parte de tecnologia, gráficos, efeitos sonoros e afins. Para mim, era fantástico ver uma ação de comunicação coordenada em tantos pontos de contato da marca. Depois de horas de conversa, ele me mostrou um calendário de lançamento dos eventos dentro do jogo, explicando em qual tema e formato seria lançado. Mais uma vez, o que para ele era uma ótima maneira de acompanhar o jogo e se divertir, para mim virou uma inspiração para desenvolver um instrumento de trabalho.

Quantas coisas na vida nós vivemos, presenciamos e que podem ser instrumentos e/ou recursos para nós? Eu garanto, são muitas.

Fica aqui o convite para você ajustar a sua lente e ter um olhar mais cauteloso. Prestar mais atenção e ouvir mais o que cada pessoa tem a dizer. Cada um de nós possui uma habilidade que, muitas vezes, pode ser complementar às nossas.

Bárbara Calixto é graduada em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e possui MBA em Marketing pela USP/Esalq. Atualmente, desempenha a função de Analista de Marketing em uma Govtech (Portabilis) e já trabalhou em agências de comunicação, no segmento varejista e indústrias. Além disso, é uma pessoa que ama cozinhar, apreciar a natureza e está sempre disponível para uma boa conversa.