Sapere Aude é expressão de Horácio, poeta romano do século I a.C., que viveu na época do imperador Augusto. O verso inteiro de Horácio é: “Dimidium facti qui coepit habet: sapere aude!”, que, em tradução livre, significa: “Aquele que começa tem metade do feito alcançado: ousa saber!”. Sapere Aude passou a ser sinónimo de “Atreva-se a conhecer, ouse saber”, posteriormente difundido por Immanuel Kant, pelo Iluminismo, e, por fim, pelo meio tradicional académico.
Então, vos desafio com a frase de Einstein: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação circunda o mundo. A lógica vai levar você de A a B. A imaginação vai levar você para qualquer lugar”.
Se abrirmos o significado da palavra Imaginação, percebemos que ela vem do Latim imaginari, “formar uma imagem mental de algo”, derivado de imago, “imagem, representação, aspecto, forma, aparência”, da mesma raiz de imitari, “copiar, fazer semelhante”. O mais incrível no dicionário: sinónimo de criação, invenção, elaboração, planejamento, entre outros; e se fizermos a mesma “brincadeira” com o termo “conhecimento”, percebemos que também vem do Latim cognoscere, “ato de conhecer”, cujo significado também pode ser informação, experiência, instrução. Ao fazer o mesmo com a palavra saber (sapere em Latim), vemos que significa ter inteligência, exalar cheiro, experiência.
Particularmente, acredito que a sabedoria é a busca constante e infindável pelo conhecimento, como uma sede, porém com uma pitada de imaginação (criatividade e planejamento), ou seja, compreender como usar o conhecimento de forma estratégica.
Através deste texto eu lhe convido a esta nova jornada: Ouse conhecer! Ouse ir além do “quadradinho” do seu negócio, do seu projeto, da sua empresa, ou seja qual for seu ambiente cotidiano. Ouse saber mais, ouse ir além do que lhe colocam a frente, tenha sede de conhecimento pelo que mais gosta do seu cotidiano. Ouse conhecer as pessoas que envolvem seu cotidiano e o que elas aspiram! O mundo está a caminhar para uma terra de “em 15 segundos estou formada em mídia social digital”, “em 15 segundos ousei saber”, “15 segundos de puro conhecimento Dunning-Kruger”. É preciso ir além, aprofundar-se no saber, e, desta forma, poder avaliar seus pontos fortes e ir mais longe, analisar os pontos fracos e torná-los fortes. Perceba que somente com o conhecimento você terá espaço para a imaginação, para compreender como planejar e visualizar a melhor estratégia para o seu projeto. Especializar-se de fato, ter conhecimento até a alma, pois somente assim saberá comunicar para ir de encontro ao seu objetivo.
Comunicação Inteligente é um projeto de contínuo estudo que quero compartilhar convosco, e convidá-los a percorrer comigo. É um novo termo que ouso trazer para demonstrar o quão fundamental é a comunicação para todos os setores de nossa vida, seja ela pessoal ou profissional, social, organizacional ou institucional. Comunicação Inteligente surgiu de Sapere Aude, da miscigenação do conhecimento com a imaginação, somada às novas tecnologias e ao mundo híbrido que nos encontramos. Comunicação Inteligente: comunicar com estratégia, com sabedoria, com conhecimento e imaginação de forma ousada e híbrida, em todas as formas possíveis da origem da palavra “comunicar”.
Mas, afinal, o que realmente é comunicação inteligente? Já percebemos que é preciso ter conhecimento e imaginação para agir com sabedoria para se comunicar, porém o que deu origem a esta metodologia? A inovação; não como ponto fundamental mas como surgimento de uma problemática; afinal percebemos – principalmente com a Covid-19 – que muito se fala em inovação e tecnologia, porém pouco, mas muito pouco, se fala do cerne de tudo: o humano. As tecnologias explodiram, o humano implodiu, isolou, confinou.
Presenciamos uma revolução digital, participamos da transformação digital, usamos as tecnologias do digital que antes eram tão disruptivas. Agora, no cotidiano, já as usamos sem perceber; ficamos isolados e nos comunicamos através de um ecrã/tela. Então surge a pergunta: e o humano, e as pessoas? Leonardo Da Vinci disse que a “simplicidade é a sofisticação máxima”. O mundo vem se voltando para as tecnologias de ponta, com auto-responder, mas e o humano que manipula todas as tecnologias, e o humano que precisa de uma resposta para compreender como funciona um produto ou serviço, como se sente apenas interagindo, se comunicando com um “algoritmo”? Será que o mundo não perdeu a simplicidade? A simplicidade da comunicação: – Olá, como você está, no que posso te ajudar?
Onde está o humano? 100% dos stakeholders são humanos, 100% dos clientes são humanos, 100% dos fornecedores são humanos, 100% dos parceiros são humanos. Se o que fazemos é para as organizações serem melhores e alcançarem seus objetivos, se estas organizações são feitas de pessoas; então trabalhamos com pessoas e para pessoas. Percebe aqui o dito no início deste texto? Preocupação com o conhecimento (tecnologias), sem perceber que a imaginação (comunicação) poderá nos levar para qualquer lugar. Porém, perceba que a comunicação é o cerne, a centelha humana, mas ela só funciona se a usarmos com estratégia, sabedoria, inteligência.
A comunicação inteligente, neste estudo, é a chave para a humanização digital, ou seja, é possível usar as tecnologias de forma saudável tendo as pessoas como plano principal, e o segredo está na “imaginação”. A comunicação inteligente vai além da sinergia da comunicação com o marketing, o branding e o design, de forma planejada, estratégica, tecnológica e inovadora; ela é o ponto de equilíbrio da confiabilidade e da transparência, para tal humanização digital.
A comunicação inteligente introduz o humano no plano central; ou seja, identifica literalmente todas as pessoas que possam estar envolvidas no projeto, ou que de alguma maneira se beneficiem ou não dele, que possam ser agentes, profissionais, funcionários, público-alvo, emissor, receptor, desde a camada mais alta até a camada mais baixa da organização, não só o cliente que pretende o projeto, como os profissionais identificados para realizar o projeto e que façam parte ou não do time.
Podem se perguntar, o que e qual seria a necessidade de identificar estas pessoas, e o que de importante poderiam trazer ou agregar a uma estratégia de comunicação? Simples; podemos encontrar diversas barreiras em pessoas, as mais relevantes e irrelevantes possíveis, desde o aspecto do complexo comportamento humano em aceitar mudanças, inovações em suas vidas, ou a o simples fato da alteração de um processo habitual, de ter que preencher um formulário online, ou até – de alguma forma – não aceitar esta visão inovadora e fazer tudo para prejudicar sua implementação de forma inconsciente.
Então, a grande questão é humanização digital! Como envolver os clientes dentro das tecnologias? Como integrar a equipa a cada setor e fazê-la vestir a camisa pela empresa? Como fazer com que a equipa tenha satisfação e confiança a ponto de ser a montra/vitrine da empresa? Como levar a confiabilidade/transparência a sua equipa, stakeholders, fornecedores, parceiros e clientes? Já implementou algum processo de estratégia? Todos apoiaram e lutaram com entusiasmo para executar a estratégia? Os números eram precisos para a tecnologia de ponta, porém sempre existia um detalhe que não permitia a execução do objetivo com excelência? No decorrer da implementação, quantas reclamações recebeu que impulsionou uma lentidão no processo? Quantas pessoas foram ouvidas? E uma última pergunta: como era a aplicação da comunicação com todos os envolvidos internos e externos?
Acreditamos que uma excelente estratégia começa com a comunicação realizada de dentro para fora das organizações, e se tivermos o apoio da maioria dos “humanos” envolvidos, mostrando as mais valias do projeto, apoiando suas incertezas, esclarecendo suas dúvidas, auxiliando nas dificuldades, poderemos – sim – ter uma estratégia mais duradoura e com apoio necessário para alcançar bons resultados.
Mas… como posso aplicar a comunicação inteligente? Esta é uma conversa para nosso próximo encontro. Até lá, se gostou deste artigo, compartilha e comenta aqui: – Qual a sua experiência no processo de comunicação dentro do projeto que vem desenvolvendo?
Até a próxima!
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Fabi Meneses – https://www.linkedin.com/in/f4bimeneses/
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Imagem: Maurits Cornelis Escher – o artista gráfico da imagem de chamada deste texto, que representa a comunicação através da imaginação como se a busca por ela fosse infinita.