Do LinkedIn de Wilson Costa Bueno.

Deu hoje no LinkedIn do Prof. Wilson Costa Bueno:

“Os colaboradores são o nosso maior patrimônio”. Vamos lá. Esse discurso é verdadeiro mesmo?

Obcecadas pelo controle, pela imposição de decisões unilaterais sem debate interno, muitas empresas desperdiçam a energia e a criatividade dos “colaboradores”. Elas ignoram o fato de que seus funcionários estão empenhados na construção de soluções inovadoras, ajudam na identificação de gargalos no relacionamento com os públicos estratégicos e contribuem para criar um clima saudável e produtivo.

Estudos revelam que as boas ideias, que respondem inclusive pelos lucros das organizações, nem sempre são fruto das intuições dos gestores ou da mente de um presidente “iluminado”. Elas surgem da experiência dos funcionários que ouvem os clientes, interagem com os públicos estratégicos e acompanham a movimentação da concorrência.

As chefias inseguras confundem autoridade legítima com autoritarismo, não ouvem os seus subordinados porque temem ser por eles “desautorizadas”, ou seja, temem que os talentos internos ousem impor-se como novas lideranças. Por isso, sufocam as boas sugestões, não dão espaço para que os que realmente têm algo a contribuir, emperrando o crescimento institucional das organizações.

Estagiários e trainees, em especial, são penalizados em processos de gestão de pessoas que privilegiam o primado da “autoridade”. Eles são percebidos, em organizações que adotam a rigidez hierárquica, como mão de obra barata, e não são destacados para o desenvolvimento de projetos que favorecem a sua ascensão profissional e a comprovação de sua competência. Muitos deles podem até ser efetivados, mas permanecem desempenhando tarefas repetitivas, ou assessorando chefias em atividades meramente burocráticas.

O discurso monótono e hipócrita, sintetizado na frase “os funcionários são o nosso maior patrimônio”, ressoa, de forma retumbante, nos vídeos institucionais, mas a experiência demonstra que muitas organizações que se autoproclamam democráticas e humanas, os demitem, impiedosamente, na iminência de uma crise qualquer.

Está na hora de uma mudança radical no processo de gestão de pessoas, porque as novas gerações tendem a rejeitar o autoritarismo e trocam, sem pestanejar, empresas autoritárias por ambientes mais saudáveis. Reter os talentos é cada vez mais difícil e nem sempre uma boa remuneração é a melhor alternativa para garantir a sua lealdade.

Os colaboradores precisam, neste novo cenário, ser contemplados como parceiros e não como meras despesas, incluídos, melancolicamente, no item “gastos com pessoal”.

Na sociedade do conhecimento, a força dos empregados não está no que eles podem fazer com os seus braços e pernas, mas na capacidade resolutiva e inovadora de suas mentes. As empresas que não estão atentas a esta realidade, certamente, não serão líderes no futuro. Quem viver, verá.