Do LinkedIn de Wilson Costa Bueno. Comentário: Manoel Marcondes Neto.

Deu hoje no LinkedIn do Prof. Wilson Costa Bueno:

A transparência na comunicação não tolera ações ilegítimas de limpeza de imagem.

A comunicação contemporânea escancara, muitas vezes de maneira contundente, a disposição de muitas empresas de aderir ao processo de “limpeza da imagem”, mesmo em relacionamentos estratégicos como aqueles que mantêm com seus investidores/acionistas. Isso significa que lhes falta uma cultura de comunicação respaldada na transparência, ou seja, elas preferem optar por estratégias de manipulação e sonegação de informações que preservam os seus próprios interesses.

O esforço para manipular a opinião pública pode ser observado concretamente em inúmeras atividades de comunicação, mas podemos destacar, de imediato, duas delas.

A primeira diz respeito ao relacionamento com a imprensa que concentra parte significativa da interação de uma organização com a sociedade. Muitas empresas julgam, equivocadamente, que os veículos e jornalistas devem ser utilizados apenas para a divulgação de suas “boas notícias”, comprometidas com o autoelogio e uma falsa narrativa.

A segunda atividade é a comunicação interna que, em muitas empresas, está ancorada em uma gestão e uma cultura autoritárias, que não convivem harmoniosamente com a diversidade, o embate de opiniões, a participação espontânea e o desenvolvimento pessoal e profissional.

Os relatos dramáticos de funcionários (eufemisticamente denominados de colaboradores) remetem quase sempre a ações truculentas, ao assédio moral, ao estrangulamento de iniciativas para promover a livre circulação de informações e à manutenção de um clima não saudável.

Muitas empresas continuam, em boa parte, praticando a tese “de quem pode manda e quem tem juízo obedece”, sufocando a liberdade de expressão, punindo aqueles que ousam expressar suas divergências e literalmente expulsando dos seus quadros centenas de jovens talentosos que não se curvam à truculência de chefias incompetentes.

Ainda bem que há exceções, mas elas, na verdade, apenas confirmam a regra, um panorama triste para o século XXI que se caracteriza pela agilidade e instantaneidade dos relacionamentos e que postula equidade, justiça social e compromisso com a qualidade de vida.

É fundamental vigiar os veículos jornalísticos que acolhem esta farsa informacional com o objetivo único de aumentar a sua receita. A cumplicidade de parte da mídia, que prioriza apenas o aumento de sua receita, estimula o uso de estratégias não éticas como o “jornalismo” patrocinado e legitima desvios inaceitáveis na prática do chamado “jornalismo de marca”. É indispensável enxergar além da noticia.

Urge identificar e denunciar os maus exemplos e, ao mesmo tempo, valorizar as empresas comprometidas efetivamente com a ética na comunicação e o respeito ao interesse público.

A transparência na comunicação exige mobilização ampla e imediata da sociedade e da imprensa responsável. Já passou a hora de retirarmos as máscaras que ocultam as verdadeiras intenções de empresas predadoras. Vamos nessa?

COMENTÁRIO

Caríssimo professor,

Mais um acerto seu, na mosca!

Quando os cursos de Jornalismo (vou manter o “j” maiúsculo por ora) começaram a difundir a ideia de que seus egressos seriam genéricos “produtores de conteúdo” e as empresas – anunciantes – começaram a contratá-los diretamente para produzir branded content, papéis profissionais se confundiram.

Quando professores de jornalismo (aqui já não deu para manter o “j” maiúsculo por conta de figuras – minúsculas – que conheci nesta função) começaram a incutir a atual noção de “narrativa” (storytelling) na cabeça de seus alunos, a coisa toda piorou e apareceu o tal “jornalismo de marca”. Publicitários que se cuidem…

Nas Redações, ninguém mais pensa. Só vale o posicionamento da empresa jornalística. Fatos? Que fatos? O que importa é a versão que agrada o patrão. Testemunhas? – Ora, saiam à rua e tragam “essas” aspas, aqui, tá? Encontrem alguém que diga isto! – E o outro lado? – Ora… olhem para o lado se tiverem que atravessar alguma rua….