Jornal Mural: um sobrevivente com muita história para contar. Por Deborah Sousa.

Quem diria? Que num mundo conectado em que os livros perdem mercado, os jornais fecham e registram queda de circulação drástica, em que as revistas corporativas foram substituídas pelas digitais e as redes sociais internas ganham a confiança dos funcionários – ainda exista aquele painel com notícias, vagas de trabalho, classificados internos, dicas de fim de semana, campanhas de conscientização etc.?

Pois eles existem – e resistem – porque as pessoas ainda ‘batem ponto’, param para tomar um café e dão uma lida nela naquele tempo que inclui a circulação pelos corredores.

No começo deste ano, ao entrar na empresa que estou trabalhando, ainda olhei para os murais com um pensamento crítico, achando aquele canal de comunicação defasado. Porém, mesmo a contragosto, fui atualizando os murais com mensagens cada vez mais direcionadas e a equipe de RH, sempre atenta, não permite notícias desatualizadas.

Sugeri, então, à direção da empresa que fizéssemos uma pesquisa de diagnóstico de comunicação, antes de começar a dar os meus palpites baseada apenas nas minhas opiniões de profissional da comunicação. Em nossa pesquisa ficou claro que o mural é um do canais mais prestigiados, muito se deve à divulgação de vagas, sim, mas outras informações pegam ‘carona’ nesse interesse.

Diferente dos canais digitais, o mural é procurado, não chega – sem avisar – despejando uma notícia atrás da outra, tais como TVs corporativas, por exemplo, ou a intranet. O mural está lá disponível, à espera de um interessado, sem pressa, conforme a vontade do leitor… e vai entregando as notícias que mais interessam.

Os murais são, na verdade, um desafio para os comunicadores que precisam manter o quadro interessante ao leitor, deve apresentar notícias em meio a comunicados burocráticos, deve captar o interesse do funcionário que passa apressado, do visitante que não sabe da rotina da empresa, conquistar o novo funcionário – evitando jargões – e ainda, receber atenção daqueles mais antigos que o próprio ‘quadro de avisos’.

Claro que o mural é mais uma estratégia, não deve ser a única, e só funciona porque é parte de um conjunto de ações estratégicas que buscam diferentes formas de levar os conteúdos necessários ao público interno.

Vida longa a este canal analógico ainda prestigiado em muitas empresas. Convido os profissionais da área a contarem suas experiências com o Jornal Mural e trocarmos boas práticas.

Deborah Sousa, jornalista formada cursando MBA de Gestão da Comunicação Organizacional.