YouTube: início e evolução. Por Francys Albrecht.

O YouTube é, por essência, um site de compartilhamento coletivo de vídeos que teve seu início no ano de 2005. Entretanto, desde seu lançamento e sucesso, a plataforma passou por diversas alterações que vão desde o layout até as modificações em seu funcionamento de acordo com os usos que são feitos dentro do espaço. Sob o slogan Broadcast Yourself, o YouTube ganhou fama no meio virtual por incentivar a produção e o compartilhamento de vídeos amadores sobre a rotina dos usuários ou acontecimentos de suas vidas particulares.


Layout do Youtube em 2005

Entretanto, os primórdios da plataforma não se parecem em nada com o site que acessamos atualmente. De armazenamento de vídeos à expressão pessoal massiva, o YouTube tornou-se uma comunidade de compartilhamento audiovisual, além de possuir características de uma rede social aderindo à interação por curtidas, comentários, criação de playlists pessoais e adesão a canais desejados. De acordo com Ciriaco (2017), o YouTube é acessado por 95% dos brasileiros e a faixa etária que mais utiliza a plataforma está entre 18 a 35 anos. Destaca-se ainda o dado de que 87% consomem os mais variados tipos de conteúdo conforme seus gostos, necessidades e preferências por formatos.

Apesar de a atividade da plataforma ser em torno dos vídeos, esta não é uma produtora. Todo conteúdo que compõe o seu catálogo é proveniente de pessoas e empresas que enxergam, atualmente, mais que um espaço de compartilhamento de mídia, sobretudo, uma forma de monetizar a própria imagem ou produtos. Tendo isto em mente, desde a fundação, o site tem por objetivo estimular o compartilhamento de mídia audiovisual através de estratégias como a gratuidade do serviço, publicação ilimitada de vídeos e facilidade em anexar e o conteúdo, por meio de hiperlinks, como em blogs, portais de notícias e redes sociais. Sendo assim, o YouTube representa a construção de uma cultura colaborativa de todos os usurários.

O processo de monetização do YouTube é concomitante ao sucesso das plataformas de blogs Blogspot e WordPress e do consequente fenômeno dos blogueiros. Aqueles com maior acesso, visualizações e seguidores do conteúdo produzido passaram a se envolver profissionalmente com esta mídia, participando de anúncios publicitários ou realizando postagens patrocinadas. Esta estratégia não tardou a chegar ao YouTube. Sob a alcunha de vloggers, pessoas passaram a criar conteúdo de forma sistemática e recorrente para os seus canais e, ao atingir um grande número de seguidores e visualizações, as empresas iniciaram a cultura de patrocinar personalidades da web em troca de divulgação de suas marcas. Neste ritmo, abre-se espaço para o surgimento de uma nova profissão, youtubers ou influenciadores digitais.

Toda a monetização envolvida nas postagens patrocinadas por youtubers tem como estratégia básica o elo de confiança estabelecido entre eles e seus fãs/seguidores. Quando um influencer fala de frente para a câmera, utilizando verbos no imperativo e se referindo ao público de forma individualizada como ‘faça isso’, ‘você precisa experimentar’ e encurta as distâncias e avança nas barreiras da intimidade ao iniciar os vídeos com ‘meus amores’ e ‘seguimores’, cria-se uma estética de confiabilidade. Esta confiança depositada é utilizada para difundir ideias, produtos e conceitos, na intenção de que esta interação pareça, o máximo possível, orgânica. A ideia é que a marca seja procurada pelos resultados a olhos vistos e documentados pela rotina de youtubers. A lógica é clara: se esta pessoa que sigo e admiro recomenda, então deve ser um bom produto. A confiança é elementar.

Para aqueles que desejam o sucesso na plataforma, muito além da sorte de possuir um vídeo que caia no gosto da maioria e viralize, é necessário muito investimento. Somente um conteúdo interessante não é suficiente. Ainda que se alcance um bom engajamento, aos poucos, a plataforma vai exigindo a profissionalização do canal como um roteiro melhor estruturado, frequência na postagem de vídeos e, principalmente, qualidade técnica como som, imagem, iluminação e edição. Além de atrativo, deve ser agradável de ser assistido.

A popularização dos youtubers é, sem dúvidas, um marco no ecossistema digital. O surgimento deste novo nicho profissional criou novas possibilidades de mercado a serem exploradas pelas marcas, instigou o surgimento de novos produtores de conteúdo, ampliou o mercado audiovisual ao mesmo tempo em que não exclui vídeos sobre os mais impensáveis assuntos, tutoriais, canais culinários, educativos e tantos outros tópicos que ainda podem ser encontrados mesmo que não atentem ao rigor à qualidade técnica e estética. É esta abertura a todo tipo de conteúdo que tornou o YouTube tão potente, não exigindo um padrão de vídeos a serem hospedados, ao mesmo tempo em que permite e incentiva a profissionalização dos canais.

Fonte: CIRIACO, Douglas. YouTube é acessado por 95% população on-line brasileira, mostra relatório. Tecmundo. Publicado em: 25 de julho de 2017. Disponível em https://www.tecmundo.com.br/internet/119776-youtube-insights-brasil.htm.

Francys Albrecht é bacharela em Jornalismo e mestra em Mídia e Estratégias Comunicacionais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Possui experiência em assessoria de comunicação e imprensa e produção de conteúdo. O e-mail disponibilizado para contato é ar.francys@gmail.com.