Vai passar. Por Neusa Medeiros.

Aquela dor na alma, sem justificativas aparentes, vai passar. A insegurança de testar novas fórmulas, outras receitas, diferentes sabores, vai passar. O aperto no peito, que consome os dias e não encontra respostas satisfatórias, também vai passar. É o tempo dizendo “não se entregue para as dores da alma, pois elas tiram a energia e desabastecem a sua força”.

Faça um empenho para que ela encontre resistência. Não facilite. Seja intransigente em se tratando de sofrimento. Se acolha, sempre, dando um prazo para que a alegria retorne. E quando conseguir ressignificar estas mazelas que machucam o coração, desestabilizam e sufocam a tranquilidade dos dias, tenha orgulho desta pessoa que foi sendo construída ao longo dos anos. Ela aprendeu a aceitar a dor como um processo, não uma permanência. Sabe que até poderia dar espaço para que se instalasse, mas preferiu analisá-la, deixar que apresentasse todas as suas versões para finalmente poder aprender. Aceitar que ela será passageira, que as suas bagagens, embora pesadas, não precisam ser guardadas no nosso interior, é sinal de sabedoria.

Cabe transformar a dor em aprendizado e força para os embates, pois outros virão, é do jogo. Acredite nos aprendizados que te trouxeram até aqui. Eles não foram em vão. Sempre se retira algo de bom. Passamos a ser mais seletivos com o tempo. Meias verdades, sentimentos rasos, pessoas que não aprenderam a entregar nada, só absorver tudo, também ensinam.

Se olharmos bem, quantas batalhas já foram ganhas. Calcule o número de momentos especiais já vividos e entenda que nem tudo são espinhos. Ter orgulho das conquistas alcançadas é saborear tudo duas vezes. É peneirar a tristeza tendo a sabedoria de reconhecer que é só um mau pedaço de um caminho bonito. Não é em direção a dor que desejamos ir. Ela só faz parte da travessia.

Merecemos doses gigantes de felicidade, de acolhimento. Quem não estiver preparado para dar corre o risco de também não receber.

Sejamos criteriosos. Nem todos estão vivendo o mesmo processo. Como somente podemos oferecer o que temos, a receita é ‘fazer por merecer’, para que ao final a gente possa dizer “valeu a pena!”.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.