Segurança em eventos não é uma opção, é uma obrigação! Será que um dia o mercado aprenderá? Por Andrea Nakane.

Um menino de nove anos morreu em 15 de novembro passado, após ficar ferido durante o festival de música Astroworld, de Travis Scott. A informação foi confirmada pelo advogado da família, Ben Crump. Com a morte da criança, que estava em coma induzido, o número de vítimas fatais do evento chegou a 10, todos em decorrência de terem sido pisoteados durante o acontecimento liderado pelo rapper norte-americano. Além disso foi constatado que mais de 300 pessoas se machucaram durante sua apresentação.

O Festival Astroworld realizado em Houston, no Texas, em 5 de novembro, reuniu cerca de 50.000 mil pessoas e um tumulto iniciou-se quando a multidão tentou se aproximar do palco no show do artista transformando, então, sua apresentação em uma grande tragédia.

O advogado do músico afirma que “ele não sabia o que estava acontecendo”. Porém, conforme relatos da imprensa e dos participantes, o rapper parou a performance diversas vezes para pedir ajuda aos seguranças, mas não cancelou o show e apresentou o setlist até o final, o que durou cerca de 70 minutos – irresponsabilidade que ajudou ainda mais a agravar o caos, já que não foi cancelada ou paralisada a apresentação devido aos feridos.

Ainda de acordo com depoimentos do público presente, não havia um número de socorristas suficientes para atender a quantidade de vítimas da multidão. A organização do evento, também liderada pelo rapper, anunciou que reembolsará todos os espectadores do festival Astroworld, de acordo com a Variety.

Até agora, pelo menos 52 processos foram abertos contra o rapper e os organizadores. Um dos processos também inclui Drake, que apareceu de surpresa no festival. A família de um dos feridos busca uma compensação de US$ 1 milhão – equivalente a R$ 5,54 milhões.

Conforme a emissora americana CNN, alguns processos questionam o fato de o evento não ter sido imediatamente cancelado após o início da confusão que causou as mortes. Além do mais, todos os envolvidos – artistas, produção, patrocinadores, todos, sem exceção, naquele local, seriam corresponsáveis por um real (des)alinhamento com a segurança.

Nesses momentos, é preciso ter autonomia e visão humanista. Decisões rápidas devem ser tomadas e as vidas das pessoas devem estar acima de qualquer contrato, programação ou vaidade artística.

Se as luzes tivessem sido acesas, se o promotor ou o artista pedissem isso, teriam, minimamente, acalmado a multidão.

Na atualidade, com as novas variáveis de segurança, relacionadas às questões sanitárias e orçamentos que demandam maior gestão para dar conta de todos os protocolos contra a Covid-19 – e com a própria excitação natural do público -, represado em sua participação presencial em grandes eventos, a segurança realmente atingiu o cume do item de maior relevância na organização de um acontecimento especial: tumulto.

As marcas que estão envolvidas no apoio e patrocínio a eventos já estão cientes de que não podem pensar só na questão de sua exposição. Seus investimentos visam relacionamentos, e esses passam – também – por toda uma jornada de uma experiência prazerosa e totalmente segura.

É preciso estar em sinergia e a questão da segurança é essencial – não podendo ser colocada em segundo plano. Jamais!

Será que um dia aprenderemos? Já foram tantas as fatalidades ocorridas que acumulamos know how suficiente para não mais termos notícias como esta.

A gestão de uma crise já em andamento é um outro componente que não pode ser esquecido em um evento massivo – o que merece planejamento. Porém, não vemos essa articulação tão presente nos projetos dos eventos de que comumente tratamos. E, na atualidade, isso urge ser realidade e não mera utopia.

Andrea Nakane é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas. Possui especialização em Marketing (ESPM-Rio), em Educação do Ensino Superior (Universidade Anhembi-Morumbi), em Administração e Organização de Eventos (Senac-SP), e Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF). É mestre Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, com tese focada no ambiente dos eventos de entretenimento ao vivo, construção e gestão de marcas. Registro profissional 3260 / Conrerp2 – São Paulo e Paraná.