Relacionamento abusivo e Transtorno de Personalidade Narcisista. Por Angela Piotto.

Quem nunca se deparou com uma ou outra pessoa que demonstrava apenas importar-se consigo mesma, ignorando por completo as emoções dos outros? Ou aquele amigo que parabenizava o sucesso do outro com sorriso e aproveitava para apunhalá-lo pelas costas?

Quantas vezes você já notou uma sobrecarga emocional, pois o outro imputou-lhe toda a responsabilidade pelo insucesso do relacionamento, culpando-o/a por tudo e, por vezes, até invertendo papéis, a fim de que ele/ela saísse sempre como a vítima na relação?

Quanto maior o tempo num relacionamento com uma pessoa com esse tipo de transtorno de personalidade narcisista, mais fragilizada fica a vida diária. É uma tarefa constante prover o próprio senso de equilíbrio emocional e mental. Conforma explana a psicóloga Ramani: “Muitas vezes, os narcisistas são ótimos no papel: bom trabalho, sucesso, dinheiro, credibilidade, atratividade – todas as características que as pessoas valorizam em um parceiro”. Eles podem até ser charmosos e gentis no início, mas tudo é para seu próprio benefício a longo prazo. “Infelizmente, [os narcisistas] também têm uma capacidade limitada de intimidade, pouca empatia, são manipuladores, invalidam, não assumem a responsabilidade por seu comportamento em um relacionamento e muitas vezes são bastante enganadores”, completa a psicóloga. E enfatiza: “Um relacionamento saudável, com respeito, compaixão, bondade, e reciprocidade está fora de cogitação”. (LINK)

Não é incomum que amigos, parentes e companheiros sintam-se exauridos e sugados, como se toda sua energia vital fosse drenada. A convivência com um abusador/a é sempre exaustiva. Diariamente a pessoa coloca os demais em posição de inferioridade e invalidação.

Dentre algumas das características temos:

  • Falta de empatia, não respeitando emoções e decisões de outros;
  • Manipulação – sua vontade sempre vem em primeiro lugar;
  • Menosprezo pelas pessoas ao redor;
  • Agressividade – com surtos de raiva quando enfrentam feedbacks negativos;
  • O aproveitar-se de outros para alcançar o que querem;
  • Apresentar uma incapacidade ou não ter vontade para reconhecer as necessidades e sentimentos dos outros;
  • Ter inveja dos outros e acreditar que os outros o invejam.

O rol de características é amplo, mas o principal é que a pessoa que apresenta o TPN sempre e unicamente pensará no próprio bem estar, pois ela não detém a capacidade empática. Ou seja, não importa como ela vai deixar o outro se sentindo, desde que ela mesma tenha seus objetivos alcançados.

Na esfera jurídica, crescem os casos de estelionato sentimental, pois os indivíduos com TPN aproveitam-se da confiança estabelecida dentro de um relacionamento amoroso para aplicar golpes, principalmente de ordem financeira, bem como casos de denunciação caluniosa, causando sérios problemas jurídicos, financeiros e de ordem moral.

Atualmente, homens e mulheres têm convivido cada vez mais com pessoas com essas características. O que contribui consideravelmente para a baixa autoestima, sentimento de insegurança e inapropriação, tornando-os dependentes do sujeito que os subjugam, pois consideram-se culpados pela relação não ser boa, já que estes não conseguem ter uma visão clara de si mesmos.

A pessoa que vive uma relação abusiva sempre está abatida e com pouca vontade e ânimo para viver para si e buscar um autocuidado. E isola-se, pois o/a narcisista, induz ao isolamento social e familiar, sendo desta forma mais fácil a sua influência e manipulação.

Muitas pessoas desenvolvem problemas emocionais profundos com o convívio em situações como essa, precisando buscar ajuda psicoterapêutica para reverter os danos deixados. Isso porque o narcisista, na sua exigência por admiração, estabelece relações em que o outro é sempre o errado, o inadequado e o incapaz.

Infelizmente, encontramos muitas mães, pais, colegas e companheiros com esse transtorno, deixando marcas de dor emocional muito profundas. Se você tem convivido numa relação em que identificou essas características acima, saiba que esse transtorno não tem cura e, portanto, o melhor a fazer é repensar e buscar ajuda.

Angela Piotto é graduada em Direito, pós-graduada em Direito do Trabalho, Direito de Família e em Psicologia Jurídica e Avaliação Psicológica. Atua como Terapeuta Integrativa.