PROBLEMAS PARA DESIGNERS – Lixo na praia: um pequeno problema? Por Gisela Monteiro.

Do delicioso Matte Leão ao tradicional biscoito Globo, há uma miríade de itens vendidos nas praias do Rio, seja por ambulantes ou em barracas. Estas últimas são numeradas em sequência, criando uma linha pontilhada entre o mar e o calçadão. São pequenas “vendas” que oferecem água de coco e outras bebidas, alguns petiscos e chuveiros para deixar a clientela fresca. Enfim, não faltam opções para quem quer aproveitar um dia de Sol.

Com todo este consumo, vem uma enorme quantidade de lixo. Parte da limpeza é feita pelos catadores de lata que chegam ao fim do dia com um saco bem maior do que eles mesmos e outra parte é feita pela Comlurb (sigla de Companhia Municipal de Limpeza Urbana). Há uns tratores que peneiram a areia e tiram o grosso e os garis varrem tirando o que passa pela peneira da máquina, como guimbas, palitos de queijo coalho, canudos, tampas de garrafa pet e talheres, entre outros pequenos detritos.

Seria bom que tudo funcionasse bem. Acontece que o volume de lixo nas areias é muito grande e o trator acaba quebrando os detritos pequenos, como os talheres plásticos, que se tornam pequenas lanças fincadas na areia, prontos para machucar os pés descalços dos banhistas. Além disso, os lixeiros varrem a areia com um ancinho, uma espécie de vassoura com garras de metal que também não consegue pegar esses fragmentos.

Isso é um problema mais complexo do que imaginamos, porque exige repensar toda a cadeia produtiva, transformando o modo como os produtos são embalados, com uma alternativa à quantidade de plástico impresso que é utilizado atualmente.

Por ora, algum designer poderia pensar em uma alternativa eficiente aos ancinhos para catar pequenezas.

Gisela Pinheiro Monteiro é professora de Desenho Industrial da Universidade Federal Fluminense. Doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Design da ESDI/UERJ, na linha de pesquisa ‘História do Design Brasileiro’. É também graduada pela mesma instituição com habilitação em ‘Projeto de Produto e Programação Visual’. Possui formação técnica em Design Gráfico pelo Senai Artes Gráficas do Rio de Janeiro e experiência na prática do Design, tendo sido responsável por diversos projetos para empresas.