Perda financeira faz Facebook endurecer medidas de controle nas redes. Por Flávia Ferreira.

Se você está acompanhando as últimas notícias deve ter se dado conta de um boicote que grandes marcas estão fazendo às redes sociais, fato este que fez as ações do Facebook caírem consideravelmente na Bolsa americana, deixando o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, US$ 74,6 bilhões mais pobre na última semana.

O fato que fez mais de 180 empresas, entre elas, Coca-Cola, Unilever, Honda, The North Face, Diageo, e outros anunciantes globais interromperem a publicidade nas plataformas digitais foi a ausência de regulação por parte da companhia quanto à propagação do discurso de ódio. A campanha foi chamada ‘Stop Hate for Profit’ (‘Pare de lucrar com o ódio’), iniciada por vários grupos de direitos civis dos EUA.

Com a queda do valor da empresa, Zuckerberg anunciou regras para endurecer a atuação contra as postagens. Infelizmente, a medida só será adotada por conta dos impactos financeiros e não por compreender o poder de transformação e influência das redes sociais nas gerações mais novas.

Alguns dados

Mais da metade dos visitantes a redes sociais no Brasil é composta pelos jovens millennials, entre 18 e 24 anos. O ‘eMarketer’ estima também que há 78,1 milhões de pessoas que utilizaram redes de contato ao menos uma vez por mês no ano passado. Um levantamento realizado pela ‘Hootsuite’ (2019) mostrou que, hoje, há 4,3 bilhões de pessoas conectadas à internet ao redor do mundo. Isso equivale a aproximadamente 57% de toda a população.

Um dado interessante é que o percentual de pessoas conectadas às redes sociais cresceu mais de 8 vezes. A população mundial apresentou um crescimento de 1.1% em comparação ao ano anterior, já o número de pessoas conectadas à internet cresceu 9.1% e o de usuários ativos nas redes sociais, 9%.

Destes usuários, segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial (2019), a utilização de redes sociais é especialmente forte entre a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010). Este grupo passa, em média, 2 horas e 55 minutos do dia em redes sociais, contra 2 horas e 38 minutos dos millennials (nascidos entre 1981 e 1996).

A preocupação pela ausência de controle por parte do Facebook não é de agora. Em 2018, o Facebook foi acusado de fornecer dados de seus usuários e seu uso para fins eleitorais feito pela Cambridge Analytica. Os escândalos de vazamento não são novos, mas a preocupação de agora está focada na propagação de fake news e discursos radicais, principalmente com a chegada das eleições presidenciais.

A ‘Stop Hate for Profit’ é legitima principalmente se pensarmos nas crianças e adolescentes que são educados pelas mídias sociais, um ambiente extremamente fertil para o bulliyng e todos os tipos de preconceitos. Regular esse canal é de suma importância para a construção de um ambiente mais seguro.

Flávia Ferreira é jornalista pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação. Com mais de 10 anos de atuação profissional, já navegou pelo terceiro setor, o setor público e o privado, sempre trazendo o viés social para o trabalho cotidiano, seja com comunicação corporativa, gestão de marcas ou reportagens de campo.