PENSANDO ALTO - Arte, porque a vida não basta. Por Giulia Romanelli.

A arte imita a vida, ou a vida imita a arte?

A cada dia me pego mudando de opinião sobre essa pergunta. Em tempos de pandemia, tendo a pensar que a vida precisa imitar a arte. Porque a vida não basta.

O que já era necessidade para uns há muito tempo, fica claro que, não fosse a arte, nós não suportaríamos. Imagine sua vida sem música, sem filmes, sem figuras ou pinturas. É preciso que a gente reconheça, e dê cada vez mais importância e valorize o investimento, o conhecimento e o esforço do fazer arte.

É mais que brincadeira, que entretenimento: precisamos entender que a expressão humana é algo que vai além de qualquer sistema, instituição ou gosto pessoal: ela existe e se faz necessária desde que o homem é homem.

A arte é uma ferramenta para chegarmos em conclusões, é uma maneira de se aproximar da complexidade humana, e carrega também um paradoxo: quanto mais ela nos faz entender, mais ela abrange os questionamentos, porque nos capacita para questionar cada vez mais. Tangibiliza e se perde, ao mesmo tempo, é fruto e é semente.

É um estímulo, é um gatilho para irmos além. Nos faz empáticos, porque só funciona quando há troca. Na interação de sensações, de lembranças, ela materializa angústias e alegrias que perpetuam pelo inconsciente coletivo. E me atrevo a dizer que nos ajuda a complementá-lo, cada um com sua individualidade, com suas experiências, esse infinito acervo de conhecimento, memórias e simbologias humanas.

E por ser completamente humana, a arte não precisa ser agradável. Em muitos casos ela alivia, mas não tem esse dever. É mais bela ainda a que nos faz entrar em contato com nossas sombras, que provoca questões e, claro, mudanças. Porque tudo isso, é algo que já existe lá dentro. A arte só te ajuda a resgatar.

Por isso é difícil responder se é a arte que imita a vida, ou o contrário. Vida e arte se interdependem, se criam, se renovam, se destroem. Sempre juntas, em um belíssimo emaranhado.

Hoje, eu acho que a vida imita a arte. Mas amanhã, a gente conversa.

Giulia Romanelli é publicitária de formação. Leitora e escritora de essência, é atriz amadora, fascinada por reflexões humanas, Filosofia, e pelas relações sociais.