GOVERNANÇA DA INOVAÇÃO - O que é?

Não podemos falar sobre o que é Governança da Inovação sem antes contextualizar o que é governança e o que é a própria inovação. Haverá artigos futuros explicando apenas esses dois temas, por isso, hoje iremos apenas tratar brevemente sobre ambos.

Não existe na literatura um consenso sobre o conceito de inovação, no entanto, os autores mais consagrados concordam que a inovação é preponderantemente oriunda do empreendedorismo (não necessariamente do empresariado), onde há a capacidade de se detectar uma oportunidade e se criar uma solução para tirar proveito da mesma.

Cabe ressaltar que a inovação é muito mais do que ter boas ideias, envolve o processo de fazê-las evoluir para um uso prático dentro das possibilidades já existentes. De nada adiantaria a invenção da lâmpada de Thomas Edison se não houvesse a eletricidade para fazê-la acender, não é mesmo?

A governança, por outro lado, é um dos mais modernos sistemas de gestão – que se refere aos processos e estruturas de autoridade pelos quais as organizações alocam seus recursos e coordenam suas atividades. Grandes autores defendem que o maior objetivo da governança corporativa é garantir que os indivíduos da corporação (e ‘corporação’ não é somente a grande empresas, podendo a pequena sê-lo também) atuem de maneira adequada para atingir os objetivos maiores relacionados a todas as partes interessadas.

Na prática, os mecanismos de governança precisam combinar a capacidade de pensar estrategicamente com o papel de mediação entre todas as partes interessadas: sócios, colaboradores, sociedade, investidores etc.

E então, o que é a Governança da Inovação?

Nada mais é do que a reorganização dos princípios da governança corporativa em prol da inovação. Um modelo de governança da inovação descreve como a equipe de gerenciamento de uma empresa opta por alocar responsabilidades para a inovação dentro da organização. Embora o termo ‘governança da inovação’ ainda não seja tão comum, a maioria das empresas reconhecidas como mais inovadoras gerenciam a inovação segundo um modelo organizacional que vai além de um simples modelo de gestão. Envolve-se a filosofia empresarial e o comprometimento do pessoal do topo, fazendo com que a temática inovação seja enraizada na empresa.

De maneira simplista, é a rotina estipulada para incentivar a inovação. Esta rotina pode passar pela definição de um departamento de pesquisa e desenvolvimento, pela flexibilidade de horários dos colaboradores, pelas paredes do ambiente de trabalho serem pintadas de cores vibrantes, pela caixa de sugestões de melhorias que funciona etc. Independentemente das ações ou estruturas a serem criadas, elas formarão a cultura organizacional da empresa a qual definirá como os processos para inovação ocorrerão na mesma. Esta estrutura é denominada ‘governança da inovação’.

Um dos papeis fundamentais da governança da inovação é conseguir identificar qual é o mercado de atuação da empresa e definir qual será a orientação para a gestão da inovação. Mercados mais maduros como metalmecânico, moveleiro e de vestuário tendem a implementar inovações mais singelas ou voltadas a processos. Mercados emergentes como tecnologia, energia alternativa e biotecnologia, tendem a lançar inovações mais disruptivas. Qual dos dois é o melhor modelo ou o modelo mais rentável? Ambos! Não existe fórmula para a implementação da inovação. É necessário analisar o ambiente da empresa, identificar as oportunidades e saber aplicar o seu know-how. A história das grandes invenções que resultaram em fracassos, está ligada a organizações que buscaram mercados e/ou tecnologias que eram pouco familiares com a sua realidade. Ou seja, apostar em mudanças e novas ideias e assumir riscos são pilares fundamentais para uma estratégia voltada à inovação. E isto significa modificar a forma de pensar e redesenhar a estrutura organizacional e gerencial da empresa – um tipo de modificação que é possível somente aplicando os princípios da governança. Alinhar cultura organizacional, inovação e governança significa transformar desafios em oportunidades e informações em estratégias – papel da governança da inovação.

Tamiris Dinkowski é entusiasta e apaixonada por governança, inovação e o mundo das startups. É Contadora formada pela UFSM, especialista em Controladoria e Finanças pela PUCRS. Atua há mais de 5 anos com governança e gestão da inovação.