O marketing de fé e de esperança. Por Paula Ribeiro.

Portugal é um país de micro e pequenas empresas. A literacia na área de marketing e comunicação tem vindo a melhorar, mas ainda não é suficiente para elevar a dimensão do tecido empresarial português. Precisamos de mais.

Precisamos de deixar de lado o marketing de fé e de esperança. Esta é uma expressão que costumo utilizar e o meu objetivo não é o de ofender seja quem for. O objetivo é levar os meus clientes, os meus alunos e a si que me está a ler, a estar cada vez mais consciente de que marketing e comunicação se baseiam em dados e estratégia.

Não são raras, infelizmente, em Portugal, as organizações que implementam táticas assentes em nada e ficam na fé e com a esperança de obter bons resultados, muitas vezes sem uma definição exata do que são ‘bons resultados’.

Colocar táticas à frente da estratégia não é um bom princípio e o resultado pode ser (na maior parte das vezes é) desastroso.

É preciso contextualizar uma organização, analisar e diagnosticar. Requer tempo e saber fazer, mas rentabiliza recursos e, acima de tudo, potencia resultados.

Se nos meios tradicionais a fé e a esperança na implementação de táticas sem estratégia constituem uma dura realidade, nos meios digitais ainda é mais flagrante.

O marketing digital há muito que andava a bater à porta das empresas e da consciência de muitos gestores, mas foi a Covid-19 que o sentou ao colo dos mais distraídos. E agora? ‘Temos de ir para as redes sociais fazer barulho’ e, de facto, muitos foram!

Mas, isto não é marketing, muito menos marketing digital.

Segundo a AMA, ‘American Marketing Association’, marketing é um conjunto de atividades, processos e instituições, que estão focados na criação e comunicação de ofertas de valor para o consumidor, para eles próprios e para a sociedade, como um todo.

Nesta definição simples, encontramos imediatamente 3 atores em todo o processo – o consumidor, as organizações e a sociedade. Então, a pergunta que se segue é: qual é a representatividade de cada um deles no meu contexto organizacional?

Ou seja, como é que eu caracterizo a minha organização? Quem é o meu consumidor, o meu público-alvo? De que forma o mercado se comporta e evolui? Qual é o meu contributo para uma sociedade em constante evolução? Quais são os meus objetivos quantitativos e qualitativos? (…) Qual, como, quando? (…).

A resposta é a pergunta. Perguntar, perguntar e perguntar. Quanto mais e melhor souber perguntar, melhores serão as respostas que vai obter e mais efetivo será o diagnóstico que vai fazer.

Depois do diagnóstico pense numa estratégia para o seu negócio assente na prossecução de objetivos bem definidos. Pense bem e, pense neles numa perspetiva quantitativa e qualitativa, porque na verdade todos nós – pessoas e organizações – fazemos parte de um todo, também ele quantitativo e qualitativo.

Depois avance para um plano tático e um plano de ação e coloque toda a sua fé e esperança na monitorização dos resultados!

Bom trabalho e um grande abraço (virtual e protegido com antivírus)!

Paula Ribeiro

Head of marketing and communication at bloom up | marketing content strategist | Trainer | Consultant

 

Dedicatória: esta reflexão resulta de uma promessa muito ‘engajada’ que fiz aos meus alunos de Plano de Marketing, que muito apreciaram o termo ‘marketing de fé e de esperança’. Aqui fica o nosso contributo, meu e deles, para que o tecido empresarial português seja cada vez mais forte. A todos, um enorme abraço!

Imagem: ilustração de António Aires.