O homem da construção. Por Juliana Fernandes Gontijo.

Um homem simples chegou a um canteiro de obras de uma grande construção e saiu perguntando a vários pedreiros e serventes o que eles estavam fazendo ali.

Obviamente, trabalhando, claro.

Um, que revirava o concreto, disse:

— Preparando a massa, ora bolas, não está vendo?

Outro respondeu:

— Eu carrego os ferros, para fazer as armações de vigas. É um serviço pesado, mas bem simples.

— Faço o revestimento das paredes, respondeu outro pedreiro entre dentes.

— Assento pias e sanitários, gritou mais um.

Após ouvir inúmeras outras atividades que os trabalhadores faziam e, insatisfeito com as respostas, ele reuniu todo o pessoal e falou:

— Nada do que vocês disseram aqui me convenceu realmente sobre o trabalho de cada um.

Um pedreiro mais afoito, daqueles que gosta de se “meter em uma encrenca”, falou com certa rispidez:

— Este trabalho aqui é muito duro, cansativo. O que gostaria que a gente falasse? Eu viro massa, o outro carrega ferro e por aí vai, né, não? E o salário não é lá essas coisas!

— Sim, meu rapaz. Eu entendo que você diz, mas…

— Entende nada… Afinal de contas, quem é o senhor?

Eu sou Marco Antônio Freitas, engenheiro e proprietário desta construtora.

O assombro foi geral.

— Qual é o seu nome, meu rapaz?

— Jo, Jo, José Ca, Ca, Ca, Carvalho, respondeu gaguejando o rapaz.

— Vamos refletir sobre o assunto e…

— Desculpe a arrogância, mas não tem como eu negar o salário, né?

— Mas foi o que você disse, certo?

José e os 55 trabalhadores se entreolharam, sem graça, pois não entendiam o que o Marco Antônio queria dizer sobre o “convencimento” sobre o trabalho de cada um… No entanto, também não argumentaram sobre a pergunta.

Em tom mais brando, o proprietário da MAF Construtora falou com bastante firmeza:

— A resposta que eu gostaria de ouvir alguém aqui dizer era algo do tipo: “estou construindo vários prédios em um condomínio!”.

Ele continuou:

— Vocês têm ideia do que é isso? Um conjunto maravilhoso de prédios que está sendo erguido aqui na cidade pela mão de cada um, aqui! É moradia, pessoal, muita gente que vai sair do aluguel, ter o próprio canto. Serão ao menos 150 famílias vivendo neste local. Esses prédios serão os mais bonitos da região, sabiam disso?

Os trabalhadores olharam com surpresa para o homem, baixaram suas cabeças e sussurravam palavras que ele não conseguia ouvir. No entanto, ele seguiu em frente:

— Eu quero que vocês tenham orgulho deste trabalho! Ele não é melhor e nem pior que a profissão de outra pessoa. Jamais tenham dúvida disso! Sem a tarefa de cada um aqui, seria impossível eu construir esse condomínio sozinho. Já pensaram nisso? Sobre o salário, é o piso da categoria! Mas a gente pode pensar em rever isso num futuro próximo.

Alguns sorrisos foram surgindo nos rostos cansados dos trabalhadores.

E Marco Antônio terminou:

— Eu quero que, daqui a alguns anos, vocês passem neste local, olhem para cima e digam aos seus filhos: “Eu construí esses prédios!”. E então… agora conseguem entendem o que estou querendo dizer?

Moral da história: em qualquer setor de trabalho, tenha orgulho do que faz e dê o seu melhor. De uma forma, ou de outra, você será reconhecido por isso.

Imagem: олег реутов por Pixabay.

Juliana Fernandes Gontijo é jornalista por formação e atriz. Uma redatora apaixonada pela escrita criativa, cultura de maneira geral, que ama escrever, contar histórias reais ou fictícias.