O amor encontra brechas. Por Neusa Medeiros.

Muito já se falou a respeito do amor, das suas conexões e das armadilhas que se escondem sorrateiramente entre o óbvio e o surpreendente. Pois o amor pode ser muito desejado, mas nem sempre encontra eco quando estamos dispostos. É quando estamos distraídos que ele percebe as brechas. Ele adora causar, acender na alma um ar de novidade, de frescor, fruto do encantamento.

Não sabemos se será transitório ou permanente. O amor possui várias classificações. Existe aquele que chega rapidamente e com a mesma intensidade se vai para um lugar incerto e duvidoso. Tem o que inicia na calmaria, mas não encontra fôlego para superar os percalços e as tempestades do dia a dia. Há também aquele disfarçado de amizade e, embora deva existir doses generosas deste sentimento, não agrega uma nova fase. Segue firme definindo que não terá respiro para continuar.

Existe o amor intenso, descomedido, safado, que surge depois da paixão e vem com tempero. Ele pode arrepiar, tirar o sono, mas deve ser tratado com cuidado. Assim como chegou intenso, pode sucumbir e recuar. Ele é parente do fogo de palha e, como acende rápido, também pode logo se apagar.

E o que dizer daquele sentimento que surge de forma improvável, que como um ímã atrai e, como se fosse destino, dá um empurrãozinho para que seja vivida uma história de amor? São incomuns, mas quando acontecem são avassaladores. É o universo dando um jeito de promover encontros ou reencontros. Existe uma conexão, uma força, que impulsiona os afins a se permitirem. O amor acaba encontrando espaço, dando o tom, despertando sensações incomuns.

Ao mesmo tempo em que avança, desestabiliza e exige uma vigília permanente. Não existe garantia de continuidade. O movimento da vida também pode mudar os ares deste amor e lançá-lo para longe. Às vezes é perda total, em outras, pode ser renovação e o início de uma nova etapa. Não subestime as armadilhas do amor. Não sendo traiçoeiro, qualquer forma de amor vale a pena.

E como afirma o escritor Alexandro Gruber, “quando duas pessoas se esbarram e suas almas se acendem podem ter certeza de que ali encontraram o amor”.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.