NOVA COLUNISTA - Danielle Ogêda - Propósito: palavra da moda.

Mas o que significa ‘propósito’, na prática, para os profissionais de Comunicação?

É fato que a vida de todos virou de cabeça para baixo desde o início da pandemia de Covid-19. Aos que contam com emprego em empresas responsáveis, que estão mantendo os colaboradores em home office – ou, em bom português -, quando a nossa casa vira o local de trabalho; e aí não necessariamente o office significa um escritório: tem muita improvisação e cada um tentando fazer o máximo que pode.

O improviso está rendendo uma boa mistura. É conference call escutando o colega cortando os legumes do almoço, a criança que chora e quer atenção, ver desenho animado, fazer tarefa de casa, ou, simplesmente, dar um sorrisinho e um tchau para o vídeo e nos encher de amor!

Enfim, essas são as situações inusitadas e até divertidas que estão preenchendo nossos dias de trabalho. Mas, também é fato que nessa rotina entrou muita pressão, aumento do volume de trabalho para muitos profissionais que estão de alguma forma envolvidos na gestão da situação e muita responsabilidade em tomar decisões rápidas e éticas em relação aos colaboradores, clientes, fornecedores e comunidade.

Entram, então, em cena, os profissionais dos times de Comunicação e o significado que ‘propósito’ pode ter. Trabalho em Comunicação Corporativa há dez anos, já passei por projetos de comunicação com imprensa, funcionários, redes sociais, influenciadores em diferentes equipes e empresas. Em todas essas situações nunca vi colegas de comunicação ociosos. A agenda está sempre cheia e muitos, infelizmente, à beira de uma crise de cansaço e exaustão.

Mas, mesmo esses colegas em situação extrema – física e emocionalmente -, e até mesmo quando me vi nessas situações, continuei vendo paixão no que fazíamos. Por quê?

Fiquei pensando nisso há poucos dias. Já tarde da noite esperando definições e conteúdos que precisavam ser divulgados no outro dia bem cedo.

Nem de longe o objetivo desse texto é fazer apologia a um comportamento nada saudável de trabalhar como se não houvesse amanhã. Porque há. Há muitos amanhãs com lazer, outros interesses e, sim, um pouco mais de trabalho. Por isso, o propósito em que acredito estabelece limites e o primeiro deles é estar bem e me cuidar em primeiro lugar.

Em outro texto volto a escrever sobre isso. Por enquanto, sigo com a reflexão que tive naquele momento. Mesmo esperando para revisar com cuidado e atenção os conteúdos que chegariam tarde da noite, eu estava leve. Embora cansada, a situação não estava me trazendo desconforto mental ou emocional. Mesmo sendo minha responsabilidade aquela entrega e tendo sido uma demanda da liderança, não eram esses fatores que me motivavam.

O tema era muito relevante para os colaboradores, colegas que nem conheço e que deveriam cumprir um prazo para que tomassem alguma ação com aquela informação. Essa era minha motivação: o efeito positivo na vida das pessoas.

Naquele momento veio o significado de propósito, na prática, para um profissional de Comunicação ou, pelo menos, para mim: o impacto da informação no trabalho, na família na vida das pessoas. Não importa se são outros colaboradores, jornalistas, consumidores…

O que divulgamos pode ajudar as PESSOAS. Perceber que um tema que está sob nossa responsabilidade vai, de verdade, melhorar ou facilitar a vida de alguém, é uma motivação muito mais poderosa do que ‘fulano quer’ ou ‘fulano mandou’.

Tomarmos a responsabilidade do que fazemos em uma perspectiva de satisfação pessoal nos ajuda a ver a Comunicação com outros olhos e adotar uma postura mais estratégica na organização.

Em tempos de Covid-19, a urgência e a necessidade do que comunicamos se intensificam. Pode ser um benefício, pode ser uma orientação de cuidados com higiene, treinamentos e ajuda para manter a saúde mental, programas de apoio a comunidade e por aí vai…

Mesmo quando surgem notícias externas, como a da antecipação de feriados em São Paulo, por exemplo, o que para a maioria pode significar um respiro e descanso, para os profissionais de comunicação significa um quebra-cabeça. Revisar pautas e cronogramas. Há algum risco dessa informação não ser divulgada agora? Os colaboradores perderão algo importante se esse prazo passar? Dá para antecipar? Dá para postergar? E iniciamos uma jornada de ligações, mensagens e e-mails para os colegas de outras áreas para apoiarmos e checarmos as decisões.

Sim, é cansativo. Era antes e hoje está ainda mais. Mas é necessário. E pode ser muito recompensador se soubermos a razão de nos dedicarmos a esse trabalho. Se soubermos o nosso propósito. O meu é ajudar as PESSOAS com informação. Mesmo quando o assunto não é necessariamente positivo.

É sobre isso que escreverei por aqui: meu propósito colocado em prática por meio da Comunicação Corporativa.

Danielle Ogêda atua em Comunicação Corporativa e tem experiência em situações de crise de imagem e risco de reputação, envolvendo tanto as divulgações para funcionários quanto imprensa e entidades públicas; condução de projetos multifuncionais de gestão da mudança, envolvendo as áreas de RH, Finanças, Marketing, Operações e Vendas; ações de Relações Públicas voltadas para marcas de bens de consumo envolvendo celebridades e influenciadores digitais; fazendo a gestão de fornecedores, agências de comunicação e budget.