NOVA COLUNISTA: Carolina Denardi - A era da pessoalidade seria a evolução da comunicação em massa?

Acredito que sim!

A indústria criativa superou o desempenho geral da economia brasileira em quase todos os anos deste século, representando ainda em 2020, auge da pandemia, 2,9% do PIB nacional, com movimento de R$ 217,4 bilhões. Os dados são do estudo realizado este ano pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e divulgado recentemente no jornal Valor Econômico.

Os números expressam o poder da criatividade aplicada em diversos segmentos ou, como descreveu o próprio presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira: “Estamos saindo da indústria de chaminé para a indústria inteligente”.

Sob a óptica desta jornalista que voz fala e das transições que já presenciei nesses 25 anos entre redações, assessoria de imprensa e comunicação corporativa com olhar para imagem e reputação, vejo os dados como um marco de uma nova era da comunicação.

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É fato que na raiz da comunicação bem-sucedida eternamente haverá o emissor da mensagem, o receptor da mensagem e o compromisso em evitar ruídos nessa comunicação para que ela chegue da forma mais clara possível. O que mudou ou, melhor dizendo, avançou, foi o como se comunicar e, neste ponto, incluo o olhar mais apurado sobre com quem se está falando.

Por conceito, a comunicação em massa visa distribuir informações a um grande número de pessoas, sem qualquer tentativa de personalização, ao contrário, de forma impessoal e mais abrangente possível. Porém, com o advento das redes sociais, de pessoas posicionadas e reverberando esse posicionamento aos quatro ventos ou, melhor dizendo, às quatro ou mais redes e, ainda, em alguns casos, também na imprensa – deixando claro aqui a defesa pela imparcialidade e essência do jornalismo em relatar e transmitir os fatos e ouvindo as fontes envolvidas a tal fato – estratégias e discursos que olham para a massa sem considerar as pessoas e o perfil dessas pessoas têm culminado mais para ruído do que para uma comunicação clara e bem-sucedida no resultado almejado – e é aí que entra a tal indústria da criatividade.

Movida pela atenção mais detalhada e aperfeiçoada dos consumidores de informação, considerando os diferentes canais de recebimento dessa informação, a indústria criativa tem a capilaridade de se conectar com diferentes segmentos, imprimindo identidade única e formas díspares de apresentar produtos, dados e como comunicá-los com vistas à personalidade, histórico, perfil e crença do seu alvo, dando fim ao modelo da comunicação em massa como se conhecia para resultados mais eficientes e rápidos, e abrindo a frente para a comunicação pessoalizada, que considera os nichos onde se consome a informação e isso inclui, claro, os meios de comunicação em massa, que têm se reinventado no disseminar da informação de forma mais humanizada, sem abrir mão dos princípios e compromisso com a imparcialidade e os dois lados de uma mesma história.

Pessoalizar a comunicação é humanizar o discurso, considerando quem está na ponta recebendo a informação e com o autoconhecimento que dará transparência, espontaneidade e verdade a essa fala. É chamar o seu público para conversar e fazê-lo se sentir próximo a você como numa sala, mesmo estando sob os algoritmos de uma rede movida a conteúdos e likes. É refletir sobre o formato e objetivo de cada canal de informação, trazer para a realidade dos dias atuais e tratar os emissores como pessoa que pensa, que toma decisões e que tem condição de formar a sua opinião – e não como um robô ou simplesmente mais um consumidor ou receptor. É considerar que acabou o comprar por comprar e chegou o comprar por identificação e propósito e isso não se refere só a bens de consumo, mas também a informação e à fonte dessa informação.

Sejamos criativos, transparentes e atentos à personalidade e à pessoa que irá consumir a nossa informação, independente do canal em que reverberemos a nossa mensagem.

Carolina Denardi é jornalista com mais de 20 anos de história com a comunicação, seja como repórter, chefe de redação e apresentadora, seja como assessora de imprensa e no gerenciamento de crise. Apaixonada por pessoas e fazer ponte entre elas. https://www.linkedin.com/in/carolinadenardi/