NOVA COLUNISTA: Carla Masella. Por que um RP poderia ter mudado a propaganda do Burger King (e tantas outras)?

Recentemente, o Burger King lançou uma série de peças de propaganda para mostrar o quanto seus lanches são exagerados, seja no tamanho, nos ingredientes ou no sabor.

Não se pode negar a criatividade dos anúncios e a capacidade da equipe de usar vários casos famosos para fazer alusão às características de cada lanche. Porém, um dos criativos foi feito com o ator de filmes adultos, Kid Bengala, e tinha bastante conotação sexual.

Obviamente, essa mistura explosiva repercutiu nas redes. Uns acharam genial e boa parte – definitivamente – não gostou (o que qualquer profissional de Relações Públicas facilmente anteciparia).

Não é o objetivo deste artigo avaliar se o anúncio foi bom, ruim, absurdo ou genial. A empresa removeu a publicação dos seus perfis nas redes sociais, não se pronunciou e o resto é história. Mas a pergunta que fica aqui é: como uma propaganda que envolve tantas questões sensíveis e polêmicas foi aprovada para um canal tão aberto e que, mesmo sendo errado, até crianças têm acesso? Fica a dúvida sobre o processo de validação.

Em meio à roleta russa que é a internet, não pensaram que poderia dar errado? Será que ninguém fez uma análise de públicos? Como explicariam essa propaganda a uma criança? Em última instância, será que o objetivo final de despertar a vontade de consumir o produto de fato seria alcançado?

Por isso afirmo que um profissional de Relações Públicas, com liberdade para exercer sua função, poderia ter evitado toda essa situação – afinal, somos os responsáveis pelo relacionamento e comunicação com todos os públicos de uma empresa e treinados para cuidar da imagem e reputação da marca, pensando muito além de um projeto pontual.

Na corrida por likes, compartilhamentos, comentários, vivemos um vale-tudo e isso se reflete nos departamentos e agências de comunicação.

Hoje, não se discute apenas se Marketing fica dentro da Comunicação, ou se Comunicação é um segmento de Marketing. Temos infinitas nomenclaturas e profissões como Social Media, Copywriter, Gestor de Tráfego, Publicitários, RPs, Jornalistas, profissionais de Administração com especialização em Marketing.. e por aí vai.

O cenário ideal seria uma equipe multidisciplinar, todos trabalhando juntos para criar um plano 360 graus e oferecer o trabalho mais completo e assertivo possível.

A realidade? Muitas vezes, um profissional exercendo a função de dez e recebendo o salário de um estagiário.

O resultado? Uma comunicação ineficiente, com desperdício de ideias, tempo, dinheiro e uma enorme dificuldade em criar conteúdos estratégicos!

Carla Masella é formada em Relações Públicas pela FAPCOM, com pós-graduação em Marketing pela Metodista e MBA em Liderança e Inovação pela FGV. Atua há mais de 12 anos na área de comunicação empresarial estratégica e criação de conteúdos multicanais para todos os stakeholders, com vivência em multinacionais, agências de comunicação e empreendedorismo.