Motivos da classe alta para não fazer doações no Brasil. Por Elaine Sampaio.

De acordo com World Giving Index no ano de 2018 a posição de doadores no Brasil foi a pior já registrada. 75⁰. era a sua posição em 2017 – que caiu para 122⁰. no último ano, um declínio de 47 posições (1).

É natural que as doações sejam impactadas por causa da crise econômica e financeira recorrente que estamos vivendo nos últimos anos. Contudo, o que chamou a minha atenção foi o grupo de 80 pessoas de classe alta, dentre elas 48 respondentes que não praticam a doação porque não confiam nas Organizações da Sociedade Civil (OSCs), o que representa com relação a este grupo 60% de doadores ou investidores sociais que estão deixando de contribuir para com essas organizações e suas causas (2).

A maioria dos respondentes residem nas regiões Sul e Sudeste e a falta de confiança nas OSCs está representada no CEPIM – Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas, onde essas duas regiões apresentam o maior número de OSCs inaptas para contratação com administração pública (3). Além da falta de confiança, foram apontados pelos respondentes outros motivos para não doarem, dentre eles: (a) a falta da cultura de doação – porque nunca ninguém pediu; (b) preferem doar de outras formas (não-monetárias); (c) porque têm a consciência que não são responsáveis em ajudar o próximo; (d) porque não sabem como fazer; (e) porque pagam muitos impostos.

Agora eu lhe pergunto, a OSC em que você atua apresenta um desses motivos? Ou faltou fazer uma dessas ações no processo de captação de recursos?

O dirigente precisa disseminar, aculturar, a confiança e a ética, dentro e fora da organização por meio da transparência das demonstrações contábeis, do relatório de atividades e da prestação de contas, fazendo a apresentação da entidade à sociedade nas redes sociais, promovendo eventos e proporcionando momentos para apresentação das atividades desenvolvidas, dos resultados alcançados, de forma leve, mágica, essa é a melhor hora de encantar os doadores, os investidores sociais, os parceiros e os voluntários, manter à porta aberta e incentivando a visitação também vale muito a pena.

Elaine Sampaio é consultora e palestrante | elaineterceirosetor@gmail.com