ESPAÇO INTERNO - A escuta ativa é o que vai nos livrar do extermínio.

Em meio a tantas maneiras de nos posicionarmos e ficarmos em evidência com as opiniões que temos, estamos sempre focados em ter um bom e atraente discurso. Mas, estamos praticando o caminho inverso? Será que somos bons em ouvir?

Não falo apenas de sentar com alguém por algum tempo e deixar que faça seu desabafo. Falo de ouvir mesmo, estar atento ao outro, pensar na melhor forma de ajudar e criar soluções reais.

Quando desenvolvo planejamentos de comunicação para empresas, preocupo-me muito em absorver tudo o que o cliente está me passando. Naquele momento em que relata a sua dor, ele coloca em mim a expectativa de soluciona-la. Então, preciso estar realmente atenta para poder criar as melhores soluções, que vão atender à demanda e trazer uma melhor produtividade para a empresa. E para poder cumprir esse papel e deixar o cliente satisfeito, costumo seguir alguns passos. Vou dividi-los aqui, esperando de verdade que você faça uma reflexão pessoal e perceba se realiza a escuta ativa. Mas, se a resposta for negativa, então espero que as minhas colocações ajudem a melhorar o seu desempenho a partir de agora.

– Não se distraia. Procure estar voltado apenas a escutar o seu interlocutor. Faça daquele momento, a sua maior prioridade.

– Resista ao hábito de interromper. Muitas vezes, a fim de criar conexão com o outro, colocamos nossas experiências pessoais no assunto e muitas vezes, desviamos o foco para nós mesmos. Você corta a linha de pensamento da pessoa e, não raro, o assunto se perde.

– Se não concorda com a opinião do outro, de novo resista à tentação de argumentar imediatamente. Escute até o final para então colocar seu posicionamento. Eu, geralmente, anoto os pontos que quero discutir durante a conversa. Isso me ajuda a organizar meus pensamentos quando chega a minha hora de falar.

– Guarde o celular. É impossível se concentrar no papo com toques e alertas que não param de pipocar.

Quando a sua escuta não é ativa, você cria nas pessoas a ideia de que não se importa com elas. Isso é péssimo.

Para se monitorar e mudar a sua postura, a primeira coisa a fazer é um simples exercício de empatia. Coloque-se no lugar do outro. Se você estivesse falando e não estivesse recebendo a atenção que merece, como se sentiria? O que te incomoda quando está fazendo alguma explanação e sente que as pessoas à sua volta não estão muito focadas em você? A partir daí, já dá para pensar com mais cuidado na forma como você vai passar a escutar melhor seus amigos, parentes e colegas de trabalho.

Cada vez mais imersos em tecnologia, esquecemos os simples gestos que nos tornam diferentes das máquinas. As relações interpessoais ficam mais frias e distantes. O que vai nos diferenciar nessa nova era digital é exatamente isso: a forma como seremos capazes de manter vivas as conexões H2H (human-to-human, ou humano-a-humano). É isso que vai evitar o extermínio da raça humana, pois precisaremos uns dos outros até mesmo para alimentarmos com dados e tecnologias os robôs que estarão a nosso serviço. Então, olhe para o espelho a partir de agora e veja que pessoa você pode estar se tornando – adaptável ao novo ambiente, mas sem perder a sua essência… ou mais um na manada surda.