ESG PARA TODOS - Etarismo: O Brasil saberá (ou não) envelhecer? Por Livia Spiniella.

O que fazer com esse tanto de gente aqui na empresa que já está “velha” para o cargo, mas não tem previsão de se aposentar VERSUS os que estão entrando e ainda precisam aprender muito! E esses dois públicos nem se olham direito?

Hoje, já entendo essa realidade (que muito consideram um problema) a partir do conceito de etarismo, idadismo. Aqui no Brasil, estamos invertendo a pirâmide etária. Ainda somos considerados um país jovem, 25% do total da população é da faixa entre 15-29 anos (IBGE).

O que acontece é que a expectativa de vida aumentou muito (cerca de 30 anos) por aqui, então a saída do mercado de trabalho, que era muito mais cedo, está se alongando, só que hoje as pessoas querem e precisam trabalhar por mais tempo, porém isso ainda não é bem
visto, pois quem tem mais de 50 ou 60 anos é tido como não mais habilitado para continuar a desempenhar seu papel, quando na verdade a pessoa pode estar no seu auge.

Mudanças de carreira já são a regra. É muito difícil você passar sua vida toda em um único lugar. Reinventar-se é natural, e esperado do ser humano, e isso é bom! Mas… numa cultura onde o “jovemcentrismo” ainda é muito valorizada, a propagação da ideia de que aqueles que passaram dos 40 anos são “pessoas velhas” liga esse termo (40+) a tudo o que é negativo.

Meu depoimento aqui é que sempre trabalhei com comunicação institucional, amo a área, sinto-me por dentro da maior parte das tendências mas, com o tempo, achei um propósito maior: o social, e ao buscar unir os dois universos senti muita dificuldade, pois já não sou aceita como analista (“pessoa velha”) para adentrar no mercado da sustentabilidade, por exemplo; e não tinha a experiência suficiente para outros cargos…uma espécie de muro, então, apareceu para mim! Estou vencendo-o e agora fico imaginando para quem não tem os acessos que eu tenho.

O bom é saber que já existem iniciativas como Labora que desenvolvem programas junto com as empresas para entender onde as pessoas que alcançaram essas idades (50+, 60+) devem estar, tal qual uma recolocação interna, dando-lhes a oportunidade de serem ouvidas e suas situações analisadas. (Sergio Serapião). Isto, além de empresas como Talento Incluir, que foca na inclusão de profissionais 45+ no mercado trabalho e que mostra um trabalho muito bacana e produtivo que junta gerações nas empresas, comprovando que a troca entre os que já estão e aqueles que chegam, na maior parte das vezes será um ganha-ganha para todos; basta se ter um (pouquinho que seja) de paciência, investir e dar uma chance! (Cris Sabbag).

Livia Spiniella, relações-públicas, especialista em sustentabilidade, trabalhou 15 anos em empresas B2B nos setores industrial, civil e de saúde. Em 2019 montou a Mundo Social, consultoria de Comunicação e Sustentabilidade que ajuda a implantar a nova realidade ESG e a divulgá-la para seus públicos.