Educação midiática e produção de conteúdo: qual a relação? Por Raíza Halfeld.

Vamos conversar sobre educação midiática e produção de conteúdo? Durante muito tempo esses dois temas ficaram restritos a profissionais e a estudantes da área de comunicação. Porém com a chegada da internet e a aceleração tecnológica é imprescindível discutir esses assuntos na sociedade. Afinal, a informação nunca esteve tão em alta.

A grande questão que me motivou a escrever esse texto é sobre o papel que nós, enquanto produtores de conteúdo, desempenhamos no que diz respeito à educação midiática. Afinal, qual a nossa responsabilidade ao entregar um material e colocá-lo em circulação?

Não importa qual seja o assunto em questão, penso ser cada vez mais necessário desenvolver uma comunicação com propósito. Para além do marketing, das vendas, você já parou para pensar o que deseja transmitir com aquela informação que produz?
E, mais, qual o impacto dela na vida das pessoas?

Hoje somos bombardeados com uma verdadeira enxurrada de informações que circulam de forma variada nas múltiplas plataformas existentes. Os dados surgem a todo o momento nas trocas de mensagens do whatsapp; nas notícias compartilhadas nas redes sociais; nos portais eletrônicos; nos blogs, nos e-mails etc. Seja como texto, áudio ou vídeo, o fato é que a forma como se produz, armazena e compartilha a informação se modificou.

Todos querem se comunicar! Mas, se por um lado, temos uma maior democratização e pluralidade de vozes emitindo opiniões e mostrando outras “faces” da verdade; de outro temos uma crescente ascensão das “fakes news”, das propagandas enganosas e dos discursos vazios.

Falando mais especificamente da parte de marketing de conteúdo, quantos de nós já nos deparamos com vídeos de pessoas que prometiam desvendar a fórmula do sucesso? Esse tipo de material está, cada vez mais, presente na nossa realidade. Os ‘charlatões’ parecem ter se multiplicado, não é?

Por isso, chamo aqui a atenção para a importância de uma produção de conteúdo mais honesta e responsável. Mais do que dominar as técnicas e as ferramentas digitais, precisamos estar cientes do nosso papel enquanto produtores de conteúdo na formação das pessoas.

Saber acessar, analisar e criar informações de forma crítica ainda é privilégio de poucos. Então, devemos nos empenhar em oferecer, no mínimo, uma comunicação mais íntegra. Esse, talvez, seja parte do caminho a ser percorrido para que a educação midiática, de fato, esteja presente no nosso país.

Raíza Halfeld é jornalista e mestre em Competência Midiática, Estética e Temporalidade pela UFJF.