A Copa do Mundo de 2022 está chegando e a Nike decidiu fazer um rebranding da seleção brasileira que, apesar de se limitar apenas ao design e ao conceito das novas camisetas, nos traz algo muito mais profundo que talvez a maioria das pessoas não tenha reparado.
A mudança de imagem em times de futebol não é novidade. Como exemplo temos o Athletico-PR que acabou mudando não só o escudo do time, mas também a grafia do nome, que antes era Atlético-PR. O Bragantino também é outro exemplo de time que mudou totalmente sua imagem após ser comprado pela marca de energéticos Red Bull, e agora leva o nome de Red Bull Bragantino e carrega os elementos da marca no escudo. Apesar do rebranding de times de futebol parecer algo novo no Brasil, essa prática já é bem comum no exterior. Times como Arsenal, Manchester City, Liverpool, entre outros, já passaram por uma repaginada no branding.
O futebol é uma indústria milionária e com potencial crescente. Além disso, é o principal esporte no Brasil, mas a camiseta amarela, clássica do time, infelizmente nos últimos anos não estava mais associada ao futebol, mas sim a um partido político e ao presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro usou desde o início as cores verde e amarelo como símbolo de suas campanhas eleitorais para falar de patriotismo e muitas pessoas passaram a usar a camisa da seleção brasileira em manifestações pró-governo e usar as cores-símbolo do Brasil agora era sinônimo de apoio ao presidente. A Nike, então, tinha um desafio pela frente: como fazer as pessoas voltarem a usar as camisetas da seleção brasileira sem associarem a Jair Bolsonaro?
A marca então trouxe elementos da cultura brasileira para as estampas das novas camisetas. A camisa 1 ainda é predominantemente amarela, mas com desenhos inspirados na pele de onça, com detalhes em verde na gola e na manga. Já a camisa número 2 é azul e traz as pintas de onças nas mangas em verde. Segundo a CBF “o uniforme 2022 da seleção brasileira homenageia a coragem e a cultura de um povo que nunca desiste. Inspirado na garra e beleza da onça, a camisa une todos os brasileiros”.
Para quem tinha um enorme desafio, a Nike se saiu bem e as novas camisas tiveram uma boa avaliação nas redes sociais por parte do público. A marca não abandonou totalmente a amarelinha, mas pensou em uma opção azul que se desconecta totalmente das cores verde e amarelo. Com certeza, essa ação é um bom exemplo de como pensar de forma estratégica para conectar as pessoas novamente a uma marca.
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Maria Gabriela Tosin é graduada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e especialista em Mídias Digitais pela Universidade Positivo e Mestranda em Administração na PUC-PR. É criadora do blog pippoca.com, atua como pesquisadora, é autônoma e colaboradora em diversos blogs.