A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que 80% dos danos causados por eventos adversos, popularmente conhecidos como “erros médicos”, podem ser evitados. Por isso, as metas de segurança do paciente foram preconizadas e estabelecidas em todo o mundo.
No Brasil, as metas foram introduzidas em 2013 através do Programa Nacional do Paciente (PNSP) instituído pelo Ministério da Saúde (MS) por meio da Portaria 529, de 1 de abril daquele ano.
É obrigatório por parte dos hospitais o desenvolvimento e implementação do Plano de Segurança de Paciente (PSP), conforme definido pela RDC 36/20138. O documento é necessário para nortear as ações institucionais voltadas para a segurança do paciente, e tem como objetivo principal cumprir as seis metas de segurança do paciente.
O PSP é, em síntese, o planejamento estratégico para a segurança do paciente, devendo ser parte integrante do plano estratégico da organização, baseando-se na missão, visão e valores do serviço de saúde. O PSP deve dialogar com os planos de recursos humanos, de informação, de ambiente, de gestão de resíduos, com o programa de prevenção e controle de IRAS e outros planos ou programas existentes no serviço de saúde.
Nesse contexto, o fortalecimento da comunicação interna é fundamental como parte desse processo de melhoria da qualidade, pois deve ser de conhecimento de todos os profissionais, fornecedores e pacientes da instituição as ações previstas no PSP, desde a alta administração até os profissionais que atuam indiretamente com o paciente.
O PSP é o documento que expressa a relevância que a segurança do paciente possui no hospital, por meio da definição de prioridades direcionadas pelas metas do MS. Comunicar as metas, comunicar o PSP, engajar os profissionais, divulgar resultados das áreas, implementar o manual do paciente, estruturar e manter os canais institucionais alinhados com o Plano, dentre outras atividades da comunicação interna, tudo isso requer um planejamento de comunicação que irá definir as políticas de comunicação para implementar ações de comunicação integrada que irão contribuir diretamente na segurança do paciente.
A implementação de práticas seguras no ambiente hospitalar inclui todas as áreas da instituição e a área de comunicação interna é estratégica para unificar o discurso de cada área e sua especificidade com foco no resultado da melhoria do cuidado pautada pelas metas de segurança do paciente.
A gestão de riscos e redesenho de processos é prioridade para o cumprimento das metas, porém para engajar as lideranças e cada profissional das áreas seja ligado direta ou indiretamente ao manejo do paciente, campanhas de comunicação interna são fundamentais nesse processo para engajamento, sentimento de pertencimento e comunicação técnica e de resultados.
A identificação de estratégias que conectem a liderança e os profissionais da linha de frente do cuidado precisam da comunicação interna para disseminação dessas estratégias nos canais de cada hospital, além da comunicação técnica feita entre liderança e equipes. Isto, sem falar que a necessidade de formação e de avaliação da cultura de segurança do paciente requerem implementação de processos, tecnologias e estratégias que envolvem treinamentos. Tais treinamentos são divulgados pela comunicação interna para comunicar sua importância, divulgar a participação das equipes e publicar nos canais do hospital para engajamento e desenvolver o senso de pertencimento.
A área de comunicação interna é de extrema importância para os hospitais, especialmente no processo de melhoria do cuidado e segurança do paciente. Deve estar estrategicamente alinhada as metas de segurança do paciente visando à prevenção e mitigação de incidentes em todas as fases de assistência do mesmo.
Uma ação simples, como um cartaz divulgando a identificação correta do paciente, por exemplo, faz com que o paciente, ao ler o cartaz na espera de um procedimento, confira se o seu nome está escrito e isso pode evitar a troca de uma medicação devido ao nome trocado em uma pulseira.
O olhar sistêmico de que não basta apenas desenvolver conteúdos e postagens nas redes sociais, mas sem participar de todo o processo que as práticas seguras exigem, é fundamental. Sem o que, o resultado da comunicação interna não será exitoso e muito menos estratégico.
Destaco como principal fonte para desenvolver práticas seguras e alinhamento das ações, o relatório “Tornando o cuidado mais seguro III”, publicado em 2020, o qual teve seu sumário executivo traduzido e acesso aberto pelo Proqualis da Fiocruz. Acesse em – https://proqualis.net/sites/proqualis.net/files/Tornando%20o%20cuidado%20de%20sa%C3%BAde%20mais%20seguro%20III%20-%20Sum%C3%A1rio%20Executivo.pdf
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Isis Breves é jornalista graduada pela Universidade Gama Filho. Especialista em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde pela Fiocruz e MBA em Marketing pela Universidade Castelo Branco. Atua com Comunicação em Saúde desde 2006, passando por instituições como Embrapa, Fiocruz, Rede Hospitalar da Amil e CRMV-RJ. Atualmente lidera a consultoria de comunicação Dose Única – Comunicação em Saúde. https://www.linkedin.com/in/isis-breves/