COMPLIANCE HUMANIZADO - Ética nas decisões. Por Marcela Argollo.

Cada vez mais o mundo corporativo está sendo compelido não só pelos órgãos reguladores mas também pela sociedade como um todo para tomar atitudes responsáveis e éticas, fomentando a transparência, acesso a informações e posicionamento nas ações.

Mas a grande questão é: como tomar decisões éticas? Como correlacionar essas decisões éticas com ações ESG? Desde que o mundo é mundo, compliance é: fazer o certo porque é certo. Mas muitas vezes o certo para uns não é o certo para outros….

O termo sustentabilidade refere-se ao desenvolvimento que atende às necessidades atuais, mas sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. A sustentabilidade empresarial é definida como o gerenciamento de uma tríade, de processos pelos quais as empresas gerenciam seus riscos financeiros, sociais e ambientais.

As medidas ambientais, sociais e de governança (ESG) realizadas pela organização, retratam as questões de governança que são consideradas como influenciadoras do comportamento corporativo em seus investimentos e decisões estratégicas. Esses mecanismos têm como objetivo garantir a transparência das informações, gerenciamento dos riscos, as atitudes éticas da alta gestão e o mais importante, fomentar a virtude moral: accountability.

Princípios éticos orientam as ações e práticas de um indivíduo, e têm como objetivo melhorar o bem-estar da sociedade como um todo. Já a ética empresarial aborda como as normas morais pessoais se aplicam às atividades e objetivos da organização. Preocupa-se principalmente em esclarecer as obrigações morais e as responsabilidades sociais dos líderes que tomam decisões estratégicas do negócio.

Os códigos de ética têm o objetivo melhorar a conscientização e a atuação ética dos colaboradores na organização, gerando uma maior legitimidade social e uma cultura corporativa colaborativa, coerente e, principalmente, com respeito. Os princípios empresariais unem o propósito de ser da empresa com a maneira como ela desempenha seu papel na sociedade, integrando valores como honestidade, empatia, confiança, respeito, justiça e ética. Esses valores se tornam práticas empresariais na hora de tomar decisões. Portanto, as práticas empresariais são um reflexo fiel dos princípios e valores de uma empresa, afinal de contas valores e princípios são não negociáveis!

Quando uma organização correlaciona a ética com as políticas de ESG ela está respondendo aos pontos levantados nas 17 ODS, tomando ações e assumindo um posicionamento. Esses pontos podem ser:

  • Meio Ambiente:
    Como respondemos às mudanças climáticas?
    Como gerenciamos os resíduos?
    Como administramos a água?
  • Social:
    Como lidamos com a pobreza?
    Em que estágio você diz aos funcionários que a empresa está fechando e eles vão ficar desempregados?
    As pessoas estão implorando por qualquer emprego?
    Você paga um salário abaixo do praticado no mercado?
  • Governança:
    O conselho informa sobre sua governança?
    O conselho apoia uma cultura ética? (Ou valoriza o desempenho a qualquer preço?)
    Quais comportamentos são recompensados na empresa? (Negócios desonestos com clientes? Bônus por apenas fazer o trabalho?)
    Como você lida com whistle-blowers: fazendo a coisa certa, assumindo um possível constrangimento para o negócio?

Os problemas éticos enfrentados diariamente nas organizações na verdade são dilemas gerenciais por representarem um conflito entre o seu desempenho econômico e seu desempenho social. Porém, quando se tem muito bem definido os objetivos organizacionais, ou melhor, qunado se sabe qual dor do mundo a empresa está resolvendo, tendo claro quais são seus valores e princípios – e o mais importante, tendo uma liderança muito congruente entre o que o que fala e o que faz -, a ética sempre estará presente e a frente das tomadas de decisões estratégicas da organização.

Marcela Argollo é formada em Administração de Empresas e Ciências Contábeis com MBA em Finanças e Compliance. Professora EAD da Fundação Getulio Vargas (FGV) para as disciplinas de Compliance, Controladoria, Planejamento e Liderança Estratégica. Coordenadora EAD da Brain Business School.