Sem título. Por Maeve Phaira.

O Sol ainda estava alto quando ele partiu.

Dava tempo, sobrava tempo, não achei que iria acabar, assim, tão rápido, acabou.

É como estalar os dedos, o tempo, às vezes, um instante vale mais que uma vida toda. Li isso não sei onde. Logo entendi. O relógio não.

A verdade é que tive certa dificuldade de aprender a ler as horas… eu não entendia o tal tempo. A professora até se irritou comigo. Perguntei a ela quem teria inventado aquilo tudo: segundos, minutos, horas, e relógios. Ela calou. Eu não entendi. Depois descobri que cada um vive o seu tempo. Logo também entendi, o relógio ainda não. Eu não acredito nas horas e nos dias… tampouco nos relógios. Ouvi dizer que alguns, os de parede, são até assassinos.

Outro dia vi que o meu signo tem tudo a ver com o teu, sei não. Tenho muitas luas.

Maeve Phaira, jornalista, advogada, autora do livro Outono em Copacabana.

Imagem: Porto Alegre / RS – arquivo pessoal da autora.