Prevenir é melhor do que remediar. Por Paula Alves.

– O que aprendemos em uma emergência global para enfrentarmos a possibilidade de uma próxima crise de saúde pública, além dos perigos das fake news?

– Quais desafios podemos reportar a uma próxima crise de saúde pública, posicionados como possibilidades para o profissional de comunicação?

Uma visão global da pandemia

No primeiro trimestre do ano de 2020, em pleno século XXI, nos deparamos com uma crise global de saúde que impactou diretamente e prioritariamente o setor econômico mundial com as decisões críticas, emergentes e até paradoxais do chamado lock down ou fechamento abrupto praticamente de todas as relações comerciais que implicassem na circulação e contato humano ou aglomeração, sendo esta aglomeração e contato humano transferidos para o domicílio de quem teria seu imóvel próprio ou que seria capaz de arcar por um tempo de busca de conhecimento, turbulência e decisões aleatórias, precipitadas – e até politizadas -, isolando o contexto sistêmico de saúde, vida e bem estar social, causando adequações àqueles que poderiam arcar com suas despesas obrigatórias de sobrevivência básica e perturbações de toda ordem àqueles que foram colocados em estado de total vulnerabilidade humana, social, afetando a sua própria segurança da saúde vital plena e a própria dignidade como cidadão/cidadã.

Enquanto isso, uma força-tarefa inigualável se adequava aos novos tempos em nome do resgate do equilíbrio da saúde, da sobrevivência, da economia e da própria vida.

Nesse período, foi-se buscar em históricos de pandemias anteriores e seculares modelos minimamente eficazes ou eficientes de prevenção enquanto contato humano e combate quanto a quadros clínicos manifestos, arrebatando o desejo por conhecimento e informação, acabando por ser a oportunidade de impulsionar uma revolução tecnológica.

Vimos a nós todos em um cenário onde tudo se apresentou como urgente, novo, desconhecido, impactante e caótico, exigindo uma administração de crises do global ao local como se fosse praticamente mágica, colocando a atenção prioritariamente para um vírus pandêmico, um evento desconhecido da atualidade, porém recorrente.

Também nos vimos diante de épocas diferentes, valores, crenças, atitudes humanas, estilos de vida inovadores ascendentes e em expansão, mudança de paradigmas quanto a estigmas, acesso a um volume participativo quase não controlável de manifestação de opiniões aleatórias, diversificadas, carregadas de emoções e que englobam múltiplos níveis de consciência e os meios de comunicação tradicional – que já vinham se adaptando aos novos tempos -, precisaram emergir soluções que atendessem seus múltiplos interesses, tendo a informação como mecanismo de sobrevivência, destaque, autoridade, poder, visibilidade, credibilidade, e geração, manutenção e crescimento de audiência.

Os desafios do mercado da comunicação

Em termos dos aspectos científicos, éticos e estéticos da comunicação, levando em consideração os interesses de autoridade, poder e lucratividade – regidos pelo sistema capitalista -, foi exigido dos profissionais, ora também abatidos pelo vírus pandêmico, toda uma mobilização fora dos padrões de busca, captação, informação e entretenimento sem perder o padrão de qualidade, porém permitindo flexibilizar a dinâmica das necessidades emergentes de repasse de informações que tinham exigências de atualização rápida e boletins informativos extras, e solicitavam a capacidade dos profissionais de comunicação em fazerem ou fortalecerem parcerias com fontes fidedignas nos âmbitos científico, econômico, da saúde e político – do global para o local. Tudo isso em tempo real, recorde e de rapidez estonteante.

Sabe-se que a responsabilidade da informação idônea e da credibilidade não pode deixar de perpassar os bons relacionamentos com fontes fornecedoras fidedignas de informação, a investigação, a comparação de dados e fatos diversos, o cruzamento de informações, as diversas linguagens, a interpretação, a compreensão, a releitura e a transcrição adequada da linguagem da informação para os públicos diversificados de acordo, inclusive, com cada meio de transmissão de mensagens, sendo este um cuidado importante na responsabilidade da disseminação da informação para que seja imparcial, compreendida, sustentável, colaborativa e respeitosa à diversidade sócio-cultural e econômica, também.

Os desafios da profissão de comunicação

Em uma gestão de crise, em tempo real e total momento de incertezas, os pilares de sustentação organizacional compreende-se serem baseados na cooperação, coordenação, posicionamento de lideranças legítimas, ciência, ética e estética do processo de comunicação, considerando seus hiatos e vieses diante de uma diversidade de audiência, buscando uma transmissão de informação clara, sem estigmas, imparcial, fidedigna, potencialmente atraente e geradora de captação, apreensão máxima e manutenção de audiência. Estes são os desafios enfrentados por todos os profissionais de comunicação em tempo real, exigindo além do conhecimento técnico-científico da comunicação em si, habilidades de ousadia, flexibilidade, inteligência emocional e resiliência fora do comum, visto que em uma sociedade com visibilidade plena de voz ativa, ainda decorrente de novos tempos de revolução tecnológica também sendo um desafio à atual legislação, decorrentes do surgimento e a necessidade do combate às fake news – ou falsas notícias -, do oportunismo midiático, e a busca necessária por conceitos que possam ser validados referentes a novas palavras, jargões, metonímias, neologismos, linguagens e linguística e o próprio cuidado com o léxico, em serviço do combate à desinformação na saúde pelos fraudadores de informação e também no cuidado da tradução de uma linguagem científica para uma linguagem pedagógica com o propósito de gerar acessibilidade de informação sem comprometer a fidedignidade e credibilidade da mesma.

Posso deixar como reflexão que diante de todos os fatos observados como desafios de gestão em tempo de crise, no caso de informação massiva em tempo real, considerando aqui o estudo de caso na área da saúde em um momento isolado da pandemia global em que é possível extrair alguns valiosos e sugestivos aprendizados, tais como:

Pautas paralelas de valor agregado e bem diversificado com informações pedagógicas sobre os aspectos sistêmicos que impactam indiretamente ou até diretamente o acontecimento fatídico priorizado como informação, neste caso um novo vírus pandêmico.

Tais aspectos paralelos são de ordem científica, econômica, social, cultural e política que abrangem desde modelos históricos a inovadores e emergentes; e os aspectos preventivos, de combate e de suporte, referente aos cuidados necessários solicitados pelo problema em questão; não se restringindo apenas ao novo problema, mas a todas as questões que o envolvem e vem agregadas como também os já existentes em estudo, controlados, em controle, ou fases de maturação do conhecimento, abrangendo sempre a informação da saúde no sentido geral da prevenção, controle, combate incluindo a realidade já pré-existente, a crise de saúde, neste caso uma pandemia, com parâmetros de acompanhamento mais próximo da realidade diária do controle estatístico e investigatório da saúde no seu sentido pleno e global, mantendo assim a audiência congruente e coerentemente bem informada; ou seja, uma força-tarefa de informação entre profissionais de relações públicas e propaganda, além de jornalistas especializados formando um time diversificado e interdisciplinar de formação de conteúdos.

Deixo esta minha colaboração para que sirva de reflexão e enriquecimento do poder da comunicação em serviço do bem estar social e humano.

Paula Alves é analista, especialista e estrategista em Comunicação Institucional Organizacional Integrada como relações-públicas. Desenvolve funções como endomarketing, employer brandingcompliance e governança.