NOVA ARTICULISTA: Carla Lozardo - O dia 8 de março.

No mês de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Uma data para ser lembrada como um importante evento político que nos deve levar a reflexão sobre o papel das mulheres na sociedade.

Cada uma de nós tem sua luta diária, com desafios, realizações e decepções. Qualquer que seja o resultado trata-se de um processo construtivo, talvez único, mas sempre foi assim. A diferença é que hoje nós nos desafiamos para sermos melhores, entendemos as realidades diante de nós e nos posicionamos. Todo dia é um dia de luta e de conquistas. Qualquer que seja a sua conquista, a mulher deveria se orgulhar. Precisamos ser confiantes, nos apoiar, nos encorajar, trocarmos experiências de vida, estarmos sempre atentas ao fato de que saímos da obscuridade, do servilismo social, e nos tornamos referências a uma luta silenciosa e transformadora para a sociedade. Necessitamos ensinar a prática da sororidade.

A história nos lembra que a luta em busca dos direitos como acesso à educação, à saúde, à moradia, à segurança e ao trabalho ainda não é um caminho livre, pois há muitos obstáculos culturais que não fazem jus aos nossos méritos e competências.

Mesmo sendo assim, não devemos ficar reclamando dentro de uma bolha! Porque se chegamos até aqui, embora haja muito chão pela frente, tivemos acesso a tudo descrito acima. Agora, imaginem ser do gênero feminino, negra e pobre, morar fora dos grandes centros urbanos, ter alguma deficiência física, ou ser uma mulher acima dos 45 anos?

O preconceito e injustiças culturais não devem nos intimidar.

Tome como exemplo as questões atuais do mercado de trabalho masculino compatível com a competência feminina. As escolhas não são meritórias, mas de gênero. O entendimento decisório empresarial que sustenta a existência da empresa também passa pela competência e compromisso da mulher. A mesma prova escolar que forma nossa sociedade se aplica a ambos. A razão da discriminação em relação ao gênero feminino é fruto do atraso cultural da sociedade que se atribuiu ser exclusiva dos homens.

As questões do sexismo e do ageismo na sociedade atual são algo muito grave. Consideradas” por muitos estudiosos como sendo o mal do século”. Estamos vivendo mais, uma conquista da civilização a qual – por absurdo – se transformou em desvalorização da maturidade na sociedade ocidental. Devemos colocar o ageismo nas pautas das agendas de igualdade de gênero, da diversidade etária e da inclusão.

É importante ressaltar também a questão da atualização dos 45+, não importando sua área de atuação.

Trago como referência a história de uma amiga de infância, engenheira, que, após trabalhar por anos em uma grande empresa, teve sua aposentadoria “compulsória“ após seus 50+. Uma profissional que tinha, ainda, muito a contribuir, mas a política da empresa a obrigou a sair. Razão essa por conta da cultura empresarial de que o “mais velho deve fazer parte do arquivo morto”. Muitas das nossas empresas continuam aplicando uma política da época em que a idade média de vida dos brasileiros era de 55 anos.

Após dois anos “aposentada”, mas se atualizando, recebeu uma proposta de uma empresa europeia para voltar a trabalhar e morar na Europa. Talento, competência e conhecimentos brasileiros sendo exportados para a Europa.

Importa, ainda, lembrar que a conquista da minha amiga é uma vitória de todas as mulheres! Somos solidárias. Esse deve ser o espírito da valorização pela inclusão social. M.C.E., parabéns pela conquista! Você é referência para nós!

Carla Lozardo é formada em Administração de Empresas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e pós-graduada em Gestão da Economia Criativa no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Atualmente, cursa o programa de MBA em Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular na PUC/RS.