Eu virtual... Por Lucila Komolibus.

Quem imaginaria como as pessoas poderiam ser escravas de si mesmas como nesta era virtual? Pode ser na vida pessoal ou na vida profissional – nos deixamos levar numa frenética necessidade de diariamente ter que aparecer, os motivos variam e até não importam… desde que, mesmo em algumas situações sem sentido, divulguemos alguma coisa.

Como uma multidão de robôs, vamos tentando “caminhar” neste universo paralelo. De Facebook, Instagram, TikTok, Twitter, LinkedIn, YouTube, WhatsApp… se você “apareceu” ontem, terá que aparecer hoje e amanhã.

Isto lembrou meu início de carreira quando na entrevista de um futuro emprego, levei no portfolio uma campanha de publicidade real – que inclusive estava sendo veiculada – e o entrevistador disse: – OK! Legal sua campanha… mas quem garante que amanhã você vá fazer outra igual? Saí de lá frustradíssima e, claro, xingando o cidadão. Depois fiquei sabendo que ele já tinha um amigo candidato previamente escolhido para a vaga.

No mundo virtual não é diferente – se você teve uma postagem que rendeu boas curtidas hoje, quem garante que amanhã conseguirá o mesmo? Viramos uma empresa que precisa produzir conteúdos – somos nossos próprios influenciadores digitais… Nos contaminamos com este sedutor modus operandi. Não percebemos que o rolo compressor virtual acaba com nosso intelecto e nossa autoestima – estamos escravos de nós mesmos.

Tentar vivenciar mais o mundo real, do bate-papo presencial, do abraço físico, do olho no olho, pode ajudar a reconexão com a vida de verdade.

Lucila Komolibus é publicitária e sócia-diretora da Mediterrânea Propaganda e Marketing Integrado.