Diariamente, nossas caixas de e-mails e outras redes sociais em que trocamos informações profissionais recebem dezenas de comunicações, releases e sugestões de pautas.
Notícias com os mesmos dados, fatos e estrutura, sem qualquer mudança no texto, circulam em diferentes veículos.
Embora a pura reprodução de releases seja uma prática comum em muitas redações – e não quero aqui condenar essa decisão, uma vez que eles são produzidos com rigor e riqueza de dados -, o repórter pode e deve ir além daquilo que lhe é apresentado.
Aliás, tal atitude é esperada também por quem elaborou e promoveu a distribuição do press release, ou seja, existe a expectativa de contato da mídia especializada para difundir a pauta com dados que ofereçam maior repercussão para o tema.
Mesmo quando se tem em um release todos os elementos para produzir uma boa nota, é essencial entrar em contato com a fonte sugerida (e outras com conhecimento sobre o tema) para checar os fatos, buscar expandir o assunto e diferenciar do conteúdo que, afinal, também estará em outros sites, jornais, blogs, revistas etc.
E mais, as fontes podem dar informações desvinculadas do objeto do release e que rendem uma nova matéria, talvez ainda não muito explorada pela mídia.
(Já parou para pensar que esse pode ser o objetivo da empresa, profissional ou organização que disparou o release para toda a imprensa?)
Escrevi muitos releases para divulgar produtos, serviços, lançamentos e profissionais. Sempre preparei os textos fornecendo tópicos para despertar o interesse da mídia para buscar aquele algo a mais.
Quem produz e envia o release faz seu papel ao escrever um texto interessante para difundir informações para a imprensa. O bom jornalismo deve ouvir as partes envolvidas e buscar novas fontes e opiniões para ampliar a interpretação do assunto.
Certa vez, recebi release da assessoria de comunicação de um órgão governamental e entrei em contato para investigar um pouco mais e certificar os números fornecidos. O que eu não podia imaginar é que a fonte que consegui soltaria a notícia de que estava em preparação uma nova legislação que sequer tinha relação com o conteúdo do release e que para o meu editorial era da maior relevância.
Assim, da próxima vez que ficar tentado a dar copy and paste de um conteúdo recebido, considere que poderá perder a chance de conversar com fontes que lhe darão conteúdo bem interessante e ter uma pauta diferenciada – e talvez exclusiva – para o seu veículo.
–
Andréa Campos é jornalista, editora de livros, redatora e ghost writer.