Cadê as notícias positivas? Por Luiza Vaz.

A imprensa está fazendo o papel dela durante esses dias de isolamento social por conta do Coronavírus. Isso ninguém pode negar. Os veículos de comunicação estão sendo fundamentais nesse momento ao trazer notícias diárias sobre o vírus e suas decorrências, ainda mais agora que não podemos sair de casa e conversar (ou mesmo fofocar) com os vizinhos. Aliás, um estudo da Kantar Ibope Media realizado entre 16 e 19 de março deste ano – com 542 entrevistados – confirma que para 77% deles a TV é o meio mais confiável para se obter informações sobre o vírus. No entanto, o excesso de notícias negativas nos jornais e telejornais tem incomodado algumas pessoas, entre eles profissionais da saúde.

Ligamos a TV para assistir ao noticiário seja pela manhã, ou à tarde, ou à noite, e encontramos sempre o mesmo: notícias sobre mais infectados, mais situações em hospitais, mais problemas, mais mortes. Não estou dizendo para vivermos em uma bolha e nem que está tudo bem no mundo porque não está tudo bem. Estamos passando por uma das piores crises de saúde – e financeira – e que tem atingido norte a sul e leste a oeste do planeta. E o jornalismo precisa ser fiel com a realidade e reportar isso. Mas, entre tantos fatos ruins e tristes, existem os acontecimentos bons e positivos que também são relevantes.

Uma idosa de 104 anos com Covid-19 é a sobrevivente mais velha do mundo. Vovó de 97 anos cria canal de culinária para se entreter. Número de pessoas curadas do Coronavírus passa de 200 mil. Estudante norte-americana produz máscaras cirúrgicas com visão para a boca para deficientes auditivos. Idosa de 91 anos se recupera do novo Coronavírus após 10 dias de internamento no Paraná. Inglesa de 99 anos curada do Covid-19 sobreviveu a bomba na 2a. Guerra Mundial. Lives de músicos quebram recorde de transmissão na internet com mais de 30 milhões de visualizações e arrecadam mais de 200 toneladas de alimentos. E essas são algumas das notícias positivas dos últimos dias.

Não é nenhuma novidade que o jornalismo dá mais espaço para notícias negativas. Isso sempre aconteceu. Como se notícias positivas não fossem notícias ou não tivessem o interesse do público. Mas, um estudo (intitulado ‘A exposição a eventos de violência em massa na mídia pode alimentar um ciclo de angústia’) publicado na revista Science Advices em 2019, realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia com mais de 4.000 voluntários nos EUA, concluiu que o consumo exagerado de notícias negativas pode prejudicar a saúde mental das pessoas a curto e médio prazo.

As pessoas precisam de notícias, mas também de esperança (principalmente no momento que vivemos). E o jornalismo pode ajudar nesses dois quesitos sem precisar quebrar um dos seus princípios que é mostrar os fatos, a verdade. Não é por acaso que veículos on-line pequenos passaram a ganhar destaque e visibilidade porque só publicam notícias positivas. São alguns deles: ‘Razões para Acreditar’, ‘Só Notícia Boa’, ‘Hypeness’ e ‘Jornal de Boas Notícias’. Além deles, têm outros surgindo como o ‘The Good News Coronavírus’, portal que reúne somente notícias positivas sobre a pandemia publicadas em grandes sites brasileiros e que muitas vezes ficaram escondidas no meio de tantas negativas.

A questão é que é possível dosar e ter um equilíbrio nos jornais e telejornais entre notícias negativas e positivas. Como já diziam por aí: ‘nada em excesso é bom’.

Luiza Vaz é jornalista graduada desde 2011 no Centro Universitário Uniceub, em Brasília. E pós-graduada em jornalismo esportivo pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo. Nos últimos anos, tem trabalhado com assessoria de imprensa e marketing de distribuidoras e exibidores de cinema multinacionais.