NOVA ARTICULISTA: Brasil se afoga enquanto onda verde invade a Europa. Por Vithória Escobar.

O papel do Brasil na luta pela sobrevivência do planeta.

O Green Party teve recorde de votos do povo irlandês, e foi considerado o grande vencedor das eleições ao Parlamento Europeu. O partido, que tem como foco principal a luta pelo meio ambiente, acredita que o pensamento verde da Europa e do mundo ‘ascendeu’ na Irlanda. O pensamento verde mostrou, e vem mostrando, forte visibilidade nas agendas públicas de todo o território Europeu.

Ironicamente, a tendência verde desvia bruscamente de um dos territórios mais ricos do mundo, o Brasil. Em um artigo intitulado ‘Velório para a Amazônia’, a revista The Economist escreveu: ‘Brasil tem o poder de salvar a maior floresta da Terra – ou destruí-la’. O maior jornal da Irlanda, o The Irish Times, reportou que ‘Bolsonaro é um cético do meio ambiente, e repetidamente mostra indulgência perante empresas acusadas de desmatamento’. Somos vistos pelo mundo com indignação e lamento.

Em junho, o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu, em acordo oficial, com a preservação da floresta amazônica. No entanto, desde o início de seu mandato, o desmatamento na Amazônia aumentou drasticamente em 88%, e 6.352 km2 de floresta foram destruídos. Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, afirma que o governo mente para avançar em seu projeto antiambiental, que favorece quem pratica o crime florestal: ‘E agora, na hora de encarar as consequências de suas decisões, tenta esconder a verdade de maneira vergonhosa e culpando terceiros. Os números do desmatamento já são ruins por si só. Mentir só vai aumentar os prejuízos para o país’.

Travamos uma guerra com nossa própria riqueza. A Amazônia contém 40% das florestas tropicais do mundo e abriga 10-15% de todas as espécies terrestres existentes. A Amazônia também é considerada a região de maior diversidade de povos nativos da América Latina, com 316 grupos. Salvar a Amazônia significa salvar o planeta. Apoiar a luta pelo meio ambiente é, naturalmente, apoiar a vida. Sofreremos consequências irreparáveis se não agirmos imediatamente e com consciência sobre o nosso impacto na natureza.

O que restará de Brasil em 4 anos? E por que é tão difícil se conscientizar do óbvio?

Por muito tempo me questionei, com indignação, sobre a incapacidade humana de perceber que sem planeta simplesmente não existiremos. Porém, percebi que a dificuldade de admitirmos o que fazemos com o planeta reflete a nossa dificuldade de se autoconhecer e de enfrentar nossas sombras individuais. Enquanto ainda resistirmos à transformações vitais para a sobrevivência, certamente não resistiremos como sociedade. Está ficando tarde para entendermos que a direção da luta pelo planeta não está nos lados, e sim para frente.

Vithória Escobar tem mestrado em Jornalismo e Relaçōes Públicas (Griffith College Dublin) e graduação em Relações Públicas (Cásper Líbero). Atualmente trabalha com Relações Publicas e Public Affairs em Dublin, Irlanda.