A mulher na política e a cultura do machismo. Por Maria Italicia Bezerra Cesário.

Apesar das inúmeras leis existentes no Brasil em defesa da mulher, ainda há predominância do machismo na sociedade atual, principalmente no que diz respeito à presença da mulher na Política, seja eleita ou concorrendo a um cargo eletivo. É de importância ressaltar que a lei que estabeleceu cotas mínimas para mulheres em cargos políticos foi aprovada pelo Congresso Nacional em 1995, com o percentual de 20%. Conforme o resultado positivo, um novo projeto foi elaborado e devidamente aprovado no ano 1997, estabelecendo uma cota mínima de 30% – e a máxima de 70% para qualquer um dos sexos, pretendendo abolir a desigualdade em seus vários aspectos, entre elas a de gênero, social, sexual e étnica.

Hoje, com 29 anos de vigência da primeira lei que incluiu e trouxe obrigatoriedade da presença da mulher na Política, ainda vemos desigualdades e insultos à figura feminina baseada em sua mera condição de gênero. Diferentemente do que se diz… não é algo distante, mas, na verdade, é bem frequente, entretanto, raramente vem à tona. A justificativa de tal conduta é explicada através da cultura do machismo que ainda se cultiva no patriarcado. Essa palavra em seu contexto literal significa a sobreposição do homem na estrutura social, ou seja, o homem como o centro da sociedade, e que os valores determinados pelo mesmo estão acima de qualquer outro. Pode parecer absurdo e incoerente no mundo em que vivemos, mas ainda há pessoas que defendem e acreditam nesse ideal arcaico e ultrapassado. De toda forma, cada um é livre para acreditar no que quiser desde que não ofenda o direito de terceiros, utilizando de ideologias próprias para ferir e diminuir a mulher pela mera condição de gênero.

Outro fator de peso é a disseminação de estereótipos de gênero, que é ação que diferencia comportamentos femininos e masculinos, como o famoso “homem de verdade não chora” e “mulheres devem ser submissas” e, mais recentemente, o “meninas vestem rosa e meninos vestem azul”, estereótipos que condicionam sempre a mulher a uma posição de inferioridade, delimitando o seu comportamento, fazendo parecer que um homem alterar a voz é algo justificável com seu instinto e autoridade, enquanto a mulher ao levantar a voz é taxada de desequilibrada e escandalosa.

Diante das circunstâncias, o que podemos perceber é que a imposição da mulher diante desses episódios de machismo, misoginia e afronta é de fundamental importância para combater a situação e evitar que a mesma continue se repetindo. Fazer a nossa voz ser ouvida numa sociedade ainda preconceituosa é motivo de orgulho. A luta pela efetividade dos Direitos da Mulher não pode parar e utilizo para isso uma frase da marcha mundial das mulheres: “Não iremos parar até que todas sejamos livres!”.

Maria Italicia Bezerra Cesário é advogada e professora do Curso de Direito da Uninassau – Garanhuns/PE. Procuradora Municipal da Secretaria de Assistência Social de Manari/PE. Graduada em Direito pela FACEP. É pós-graduada em Licitações e Contratações Públicas Pelo CERS e pós-graduada em Direito Constitucional, Direito Penal e Processo Penal pela Faculdade UniAmérica – Descomplica. Registro OAB/PE No. 56.091.