As novas diretrizes curriculares nacionais para a graduação em Relações Públicas, expedidas pelo MEC em setembro último, encerraram o ciclo da “Comunicação Social” iniciado na ditadura.
Para controlar as mentes, Radialismo, Jornalismo, Cinema, Propaganda, Editoração, Biblioteconomia e Relações Públicas foram aprisionadas como “habilitações” sob um mesmo “guarda-chuva”.
Dividir para dominar
Uma “polivalência” inicial foi descartada e ao invés de “irmãs”, as áreas – sempre separadas, divorciadas desde os bancos escolares – enfraqueceram um setor estratégico e inibiram o pensamento crítico, a livre iniciativa e o próprio exercício da democracia e do direito à informação e livre expressão.
Liberdade ainda que tardia
A partir de agora, cada área é dona de seu próprio destino e acredito que os futuros cursos de Relações Públicas nascerão no âmbito das escolas de negócios – de onde nunca deveriam ter sido extraídos.
No início, antes da violência, nossos títulos de autores fundamentais – como Bertrand Canfield e Whitaker Penteado, pai – foram publicados pela “Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios” e o parecer fundador da área acadêmica recomendava a criação do bacharelado nas faculdades de Administração.
Publicidade (publicity, divulgação): sinônimo de relações públicas
Estamos livres, agora, para voltar às origens, e deixar o segmento da comunicação, onde Relações Públicas nunca tiveram o destaque merecido, sendo sempre vampirizadas pela tosca simplificação do ensino de Jornalismo e de Propaganda no país [a colocação do termo “Publicidade e” junto a “Propaganda” foi uma desesperada tentativa de aniquilar o que originalmente era (e ainda é, no CNPQ, uma área híbrida; “Relações Públicas e Propaganda”)] – cursos técnicos formando consumidores perfeitos, e operadores adestrados para atuar na periferia das decisões que realmente interessam à economia, à sociedade e à cidadania, tanto individual como empresarial.
Desafio adicional a uma profissão – no Brasil – de resistentes
Os cursos atuais – aparentemente – não têm alternativa se as anacrônicas escolas de comunicação “social” mantiverem-se estáticas. E, com as novas DCNs – em 2 anos – os cursos das IES particulares tendem a desaparecer (em virtude das infindáveis 3.200 horas “cheias” que se estabeleceu no escurinho de Brasília). Sobrarão os cursos das IES públicas e confessionais, essas últimas talvez, por não terem muita saída a não ser adaptarem-se, sempre, “ao que o ‘seu’ MEC mandar”.
Tudo agora pode e há de mudar… principalmente com a geração que está recém-formada ou estudando Relações Públicas. Acabada a fase da “explicação”, os Conselhos Regionais têm que ser cobrados pelos jovens a atuar, assim como os jovens também têm que chegar junto ao representante de sua profissão regulamentada e ocupar o seu lugar.
Quem viver verá.