No meu tempo de Graduação em Relações Públicas, quando ouvia nas aulas sobre a comunicação estratégica, ou ainda quando lia nos livros de estudos, não tinha muita ideia sobre o que realmente isso significava. Precisei vivenciar no meu dia a dia profissional para entender o real motivo da comunicação interna ser um fator estratégico nas organizações.
E não é somente um fator estratégico que auxilia a empresa a se posicionar junto aos seus públicos, vai muito além. Posso dizer que trabalhar com a comunicação interna, comunicação institucional, ou outros termos que são utilizados, é um cargo politicamente estratégico. Vou explicar melhor essa minha percepção.
Atuo há 10 anos em um centro de comunicação institucional de empresa pública. Mais recentemente, passei a coordenar a área. E em todo esse tempo fui ganhando a percepção de que não poderia simplesmente comunicar internamente o que estava acontecendo na empresa. Não. Tudo tinha que ser pensado muito, alinhado com a diretoria, antes de se tornar público.
A seguir, vou listar alguns de meus maiores desafios, antes do momento de “soltar” um comunicado aos colaboradores ou a outros públicos estratégicos:
Comunicado oficial da organização
Aqui na empresa, as pessoas só acreditam em uma decisão, um processo de trabalho ou um acontecimento, quando é transmitido pelo canal oficial da empresa, ou seja, o meu. Então, quando estou divulgando qualquer informação, eu falo em nome da diretoria. Olha o compromisso e a seriedade disso.
A comunicação não pode errar
Já ouvi algumas vezes que nossa área é o cartão de visita da empresa. Somos como “vitrine”, e percebo que o tempo todo querem achar um erro no que fazemos, ou como popularmente falado, “encontrar pelo em ovo”. Revisar, revisar, mil vezes revisar antes de liberar o comunicado. Checar se é verdadeiro e se não tem erro gramatical.
Não somos a rádio peão
Mais uma vez temos que nos posicionar com seriedade. Nossa área é estratégica, sabemos muita coisa que acontece na empresa. Temos que saber como comunicar, em que momento faremos isso e, claro, temos que ficar sempre longe da rádio peão. Boatos não combinam com nossa área. Sim, podemos ser amigos dos colaboradores e precisamos estar bem relacionados com eles. Mas fofocas de corredor não fazem parte do nosso trabalho, e devemos nos blindar contra isso, pois temos o compromisso com a verdade e, muitas vezes, com o sigilo profissional.
Tudo isso parece muito sério, não é mesmo? Sim, nosso trabalho é muito sério e muito importante para a organização. Quando todos sabem o que acontece e o propósito do que fazem, todos procuram caminhar para a mesma direção, evitando assim falhas em processos e na comunicação.
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Priscila Barberio é coordenadora da área de Comunicação Institucional da Ortopedia no Hospital das Clínicas de São Paulo.
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