DE ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES (1928-2014), na candidatura ao governo de São Paulo, em 1986: “professor vai ter que dar aula”, “médico vai ter que bater ponto”, “funcionário público vai ter que melhorar sua produtividade”, “empresário vai ter que vender com nota fiscal”.
Eu adorava ouvir e ver as entrevistas de AEM. Ele foi para mim “o” exemplo de trabalho incansável, para quem não existiam férias e nem mesmo fins de semana. Sou um workaholic inspirado nele.
Sua ética era a dedicação, o comprometimento e o amor pelo Brasil.
Suas entrevistas se transformavam em aulas, nas quais frases como as acima, citadas em seu obituário, pontuavam. Às vezes, era até difícil compreender sua fala, quase tão rápida quanto o seu raciocínio.
Resultado? Não foi eleito.
Se tivesse sido, talvez o país tivesse tido outro rumo, ao invés do nivelamento por baixo que impera. Sua ida para a política traria, com certeza, uma fieira de outros fazedores sem conversa mole, mas não foi isso o que aconteceu, infelizmente.
AEM estudou Engenharia de Minas no Colorado na década de 1940, onde já estudara o pai, José Ermírio de Moraes. Ora – esses dois senhores – tiveram a sorte de estar na hora certa no berço da Administração, que nasceu, justamente, na mineração dos Estados Unidos no início do século XX. Frederick Taylor também era engenheiro – mecânico – em minas, e lançou o seu livro “Princípios da Administração Científica ” em 1911. 100% nacional, o Grupo Votorantim é exemplo de que é possível ser brasileiro e ter padrão mundial.
Suas empresas estão em 20 países. AEM tinha sensibilidade para a cultura e era voluntário num tempo em que isto não estava na moda nem rendia incentivos fiscais.
Afastado há alguns anos – inclusive da mídia – AEM já me fazia falta. E acredito que vai engajar-se em mais obras. Agora, eternas.
Trabalhe em paz, Antonio Ermírio de Moraes.