CEDAE: péssimo exemplo de comunicação que advém de péssimo modelo de gestão.

Quando um cidadão fluminense articula o jargão de que “os serviços públicos são de péssima qualidade”, pode-se apostar que em mais de 60% das vezes, a CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) estará causando a resposta. Isto porque a notícia mais recente (publicada ontem n’O Globo), registra que menos de 40% da clientela da empresa recebe os serviços – pagos – de coleta de esgotos (nem se fale em tratamento…). Em companhia de outras concessionárias ou não.

A memória do cidadão refém dos monopólios de serviços públicos prestados por empresas estatais ainda está presente no Rio de Janeiro. O cidadão fluminense não consegue esquecer-se da Telerj (até porque a Oi-Telemar não o deixa esquecer, com seus orelhões quebrados e péssimos serviços de telefonia e de internet), da Light – que continua aí, sob outro controle acionário que não o do Estado, mas com o mesmo nome (e mesmo monopólio, no caso da cidade do Rio de Janeiro), e da Companhia Estadual de Gás (a CEG), apesar dos milhões gastos pelos novos donos em rebranding.

O caso da CEDAE – último grande bastião estatal (e já sob a mira de conglomerados mundiais à espera da inevitável privatização – com a “torcida” da população) é emblemático. Não pela qualidade de seus serviços, que é mesmo péssima, mas pela – mui tosca – tentativa de enganar o público, desde alguns anos, sob o falso rótulo de “Nova” CEDAE.

NOVA CEDAE? Como assim?

O que foi renovado? A rede de adutoras de água limpa? A rede coletora de água servida? A rede de tratamento de esgotos? Os sistemas de gestão? A política de recursos humanos? A transparência? A governança?

Infelizmente nada disso. E como o controle acionário da companhia continua rigorosamente igual ao dos tempos da “fusão” do antigo estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro (de 1975), podemos concluir que a alcunha “Nova CEDAE” é caso (e caso caro) de maquiagem, de propaganda enganosa. Indagamos: para iludir a quem? Aos possíveis compradores? À opinião pública, que poderia pensar que a empresa está, com o perdão do trocadilho, saneada?

Não seria este o mesmo caso do Metrô, em que a empresa concessionária fica com a parte que dá lucro, deixando ao estado a parte podre (lembremo-nos do Banerj podre que, aliás, ainda tem seu prédio-sede apodrecendo mais, literalmente, no centro da cidade), às custas da cidadania sob o obscuro nome de RioTrilhos?

Essa história é antiga e precisa ser investigada pelo Ministério Público.